terça-feira, 30 de dezembro de 2008

As uvas e o ano novo

Todo mundo (ou quase todo mundo) espera alguma coisa do próximo ano. A gente se acostumou a criar expectativas com a passagem de um ano para o outro, mesmo que esse lance de trocar de ano seja um trem realmente sem mística alguma (é apenas o tempo que segue, mais um mês que termina e mais um que começa. Quem festeja cada passagem do mês como o início de um novo ciclo???).
Mas eu sou normal, por isso tenho as minhas próprias expectativas. Ainda mais que essa será a primeira vez que eu vou passar esse período na praia!! Eu vou pular ondinhas!!! Nem todas as ondas do mundo comportariam todos os meus desejos não apenas para 2009, mas para o resto da vida! Mas, enfim, se alguns forem acolhidos nas “franja” do mar do Guarujá e virarem realidade, eu não vou reclamar!
Bianilda escreveu no blog dela sobre as coisas que ela não quer. São “nãoquereres” (sim, sem hífen de acordo com as novas normas gramaticais) universais. Também não quero nada do que ela disse. É mais fácil escrever sobre o que a gente não quer mesmo. O querer é mais volátil. O meu é.
Ah, não sou de falar dos meus quereres. É difícil! Sou meio violenta com isso. Se eu quero, vou e tomo. Se não consigo, amargo uma frustração, fico sem falar no assunto por um bom tempo, engulo seco e finjo que não queria. Igual à fábula do lobo e das uvas (se vc não conhece, resumindo, ele queria as uvas, mas estavam no alto da parreira. Pulou, pulou, não conseguiu e desdenhou “não queria mesmo, estavam verdes...”).
Pulei demais, me frustrei, engoli seco e desdenhei demais em 2008. Queria pular menos, engolir menos seco e desdenhar bem menos no próximo ano. Frustrar-me menos também seria bem interessante! A sensação de alcançar as “uvas” é sempre tão boa! Quero alcançar muitas “uvas”! Quero “vinho” demais! Quero “suco de uva” e todas as variações de “uva”! Para mim e para as pessoas que eu quero bem! Ah pras que eu não quero bem também. Afinal de contas, todos têm desejos e expectativas!
Feliz 2009!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Era de Aquário!!

Só tem essa explicação! Que medo!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Recordações

Numa fase versos, esses me recordam e me projetam...

I'm the one who wants to be with you
Deep inside I hope you feel it too
Waited on a line of greens and blues
Just to be the next to be with you
(Mr. Big - To be with you)

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Cântico espiritual

Entrou, enfim, a esposa,
No horto ameno, por ela desejado,
E a seu sabor repousa o colo reclinado
Sobre os braços dulcíssimos do Amado

(Kelly Patrícia)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Muita paz!

Acabo de fazer uma entrevista com a monja Coen. Para quem não conhece é uma monja budista que tem um certo destaque no cenário nacional (se tiver interesse, entre aqui). Ela disse o que qualquer líder espiritual maduro diria. E isso é a coisa mais linda do mundo. Uma vez que conselhos de pessoas que realmente estão além de verdades que teimamos em estabelecer cabem em qualquer crença. Cabem, ainda mais, em qualquer coração. Ouvir pessoas de crenças diferentes da minha que têm a serenidade da Coen me faz amar ainda mais meu Modelo. Estou tão longe Dele. Quanto mais O conheço, mais me vejo longe, distante dos sonhos que Ele teve quando pisou na terra pra ensinar o ser humano a ser humano. Mas também se torna mais possível. Independente de verdades. O importante, como diria meu velho e sempre novo Amigo, é amar. Primeiro a Deus (no caso do meu conjunto de crenças), depois o outro. Ele me deixa sem ação quando apenas insiste para que o homem permaneça no amor. Parece tão simples. Não é. Mas é possível e sei que somos sonhados para isso. Acho que volto a escrever antes do fim do ano. Mas se isso não acontecer, ficam as palavras da monja, num desejo fortíssimo de felicidade pra todos e pra mim, nesse trecho da entrevista:
“eu - Uma frase de Mahatma Gandhi que eu gosto muito é 'seja esperança para o mundo'. Como isso é possível?
Coen - Tendo objetivos maiores do que você mesma. Percebendo que nós estamos em uma obra muito maior do que nós. E que há esperança, sim, e que as coisas estão melhorando, sim. Nós temos uma longevidade muito maior agora, pesquisas científicas maravilhosas, temos um retorno à natureza. O mundo está ficando melhor e nós humanos estamos melhorando, sim. E tenha esperança porque cada vez isso vai ficar melhor. A Terra Pura (leia o Reino de Deus, o Plano Superior, o Céu ...) é aqui, não é depois da morte.”

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Glória da Manhã

Mais um ano de vida. Aliás, menos um ano... Depois divago. Mas logo cedinho me deparei com esse texto do Rubem Alves. Achei muitíssimo pertinente. Vale a pena!


Plantei na frente da minha casa, uma trepadeira. Nome bonito: “Glória da Manhã”. Pensei que o ipê, que neste período do ano está triste e sem cores, se alegraria se o seu tronco cinza se cobrisse de flores azuis. E assim foi. As sementes germinaram rápidas, os ramos cresceram esguios e sinuosos, e a rua se encheu logo de uma cor nova...
Acho esta flor muito especial.
Primeiro, pela beleza. Simetria pentagonal, quase circular. Uma única pétala, em forma de cálice. E o azul claro, quase transparente. Ela se abre logo que o sol aparece. Daí o seu nome, “Glária da Manhã”.
Isso tudo é alegria. Walt Whitmann dizia que uma “Glória da Manhã” na sua janela lhe trazia mais prazer que todos os livros de filosofia. Com o que eu concordo. Porque aquela flor fala alguma coisa. Nós sempre conversamos...
Mas há uma tristeza: é efêmera. Lá pelas doze horas, quando o calor é mais intenso, começam a aparecer no azul sinistras estrias roxas, sinal de que o fim está chegando. Sua vida não dura mais que sete horas. Logo a pétala se enruga, murcha, enrola-se, torna-se toda roxa. Morreu. Nunca mais. Se o Vinícius a tivesse visto talvez tivesse mudado o seu poema: “Não é eterna, posto que é flor, mas é infinita enquanto dura...” Comove-me a sua tranqüila beleza pela manhã – sem saber que em breve estará morta. Ou saberá? Talvez seja por isto mesmo ], por saber, que ela se abre com beleza tão intensa... Sabe que não há tempo a perder, que é inútil lamentar, que só lhe resta ser bela. Fico pensando se o mesmo não aconteceria conosco. Talvez, se percebêssemos que somos efêmeros como a “Glória da Manhã”, seríamos tão belos quanto ela. Mas a manhã seguinte nos reserva uma surpresa. Porque a trepadeira que viu morrer, na véspera, as dezenas de flores que a cobriam, já se havia preparado. E outras tantas se abrem de novo, ao nascer do sol, repetindo a mesma beleza, a mesma tristeza, como se fosse um tema que se renova sem cessar: vida e morte, vida e morte...
Gostaria de poder ser como ela: viver intensamente o momento que me é dado, fiel apenas à beleza que mora em mim.
Disse que plantei. Ela nasceu, cresceu, floriu. Acho que alegrou muitos que por ali passaram. Mas alguém se ofendeu com beleza tanta. E a arrancou. Tentei replantá-la, mas foi inútil. A vida, por vezes, é assim. Dado o golpe letal, ela não se recupera. Pensei nessa absurda assimetria entre a vida e a morte. A vida, para ser, leva tempo, demanda paciência, exige cuidados, há que se esperar. Mas a morte vem súbita e definitiva. Uma árvore leva anos a crescer. O machado a abate em poucos minutos. Espantou-me uma coisa inesperada: que ela continuou a florescer mesmo depois de cortada, por dois dias. Imaginei que o seu desejo de viver era de tal forma intenso que ela ajuntou a pouca seiva que restara n os seus ramos e floriu de novo, a mesma beleza, sem nenhuma mágoa, sem nenhum espinho. Lembrei-me do poema da Cecília Meireles:
“Sede assim – qualquer coisa serena, isenta, fiel. Flor que se cumpre sem pergunta”. A morte me entristeceu. Não a morte que acontece, depois de sete horas de vida, quando a flor já cumpriu o seu destino. Mas a morte que mora na alma dos homens. De que coisas não é capaz uma pessoa que destrói uma flor...
Mas não importa.
Guardei as sementes.
E já semeei de novo.
Em breve haverá uma outra “Glória da Manhã”, em volta
do mesmo ipê.
É Domingo de Páscoa.
Triunfo da vida sobre a morte.
Um bom dia para semear uma flor...

domingo, 30 de novembro de 2008

Reencontro

Aos poucos, as carinhas conhecidas apontaram pelo portão. Quase cinco anos passaram como se não tivessem deixado marcas. Claro, as mudanças eram evidentes, uns cachos que deixaram de existir, mãos esquerdas que ganharam alianças, quilinhos a mais e a menos, rugas nos cantos dos olhos, uns jornalistas, outros bancários... Mas aquelas pessoas dividiram tantos momentos que esses detalhes passavam quase desapercebidamente. Uma tarde parecia bem pouco. Mas, era como se tivessem se despedido depois da última aula, no dia anterior. Era como se experimentassem um salgado na hora do intervalo. Era como se, a qualquer momento, os grupos se dividiriam, como sempre foi, e apresentariam um trabalho de semiótica ou língua portuguesa. Até mesmo um projeto de jornalismo televisivo ou comunitário.
As diferenças morreram afogadas ali na beira da piscina. As que sempre existiram continuaram persistentes, mas não tinham tanta importância agora. Eram todos atores de uma mesma peça, protagonistas de uma época marcante nas vidas uns dos outros. Se o professor de jornalismo especializado aparecesse ali, seria igualmente tratado como parte importante da cena. Sem esquecer as desavenças, deixando-as do tamanho menor do que a alegria do reencontro, é claro.
Os grupos estavam todos ali bem representados e trataram de se espalhar como se esperava que fosse. Não deixamos de dividir a alegria de rever. E passou. Assim como passaram os anos pelos campos abertos da Unesp. Sem neura, da mesma forma como naquela manhã depois do baile, despediram-se. Um por um, deixou pra trás o que em comum construíram. Mas partia no peito a marca que cada um deles imprimiu na história. O próximo encontro pra daqui cinco, dez, 15 anos, talvez. Mas a lembrança é eterna...

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Visões

E esse futebol?
Jogo complicado, gente!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O fim está próximo!

O mundo vai acabar. Hoje discutimos por alguns minutos essa possibilidade, no jornal. O que eu quero fazer antes de o mundo acabar? Nossa, tem tantas coisas. Mas, ao mesmo tempo, está bom assim. Claro que eu queria conhecer a Espanha, o Coliseu, Paris e outros lugares da Europa. Claro que eu queria passar mais tempo ao lado de pessoas que eu amo e que, às vezes, fico muito tempo sem ver, sem encontrar. Claro que eu queria gastar mais madrugadas falando sem parar. Também é óbvio que eu gostaria de viajar mais. E queria fazer mais um monte de coisas que é melhor a gente deixar para um outro tópico (rs!).
Se tudo acabasse hoje, no entanto, estaria bom também. De alguma forma, a loucura do dia-a-dia é boa. De alguma forma, dar risada com essas pessoas que vejo todo dia, me faz feliz e pronta para o fim do mundo. Tudo o que vivi até aqui, os 26 anos (já quase 27) foram bem vividos! Cheios de frustrações, de lágrimas, de limitações que me impus, de desilusões e decepções. Mas também cumulado do ombro dos amigos, do carinho de quem eu amo, das abanadas de rabo felizes do meu cachorro que já foi, de viagens de poucos quilômetros mas que valeram por grandes emoções. Das músicas que me fizeram chorar e das que embalaram minhas alegrias. Valeu por aprender a tocar violão e cantar. Valeu demais pelos anos que passei na faculdade aprendendo a ser gente e jornalista.
Tem horas que cansa. Tem horas que queria outra vida. Mas se o mundo acabasse hoje, eu só teria medo de sentir dor. Não me arrependeria nem das besteiras que já fiz e faço a todo instante. Me alegraria, no entanto, se, momentos antes de um fim sem determinação, pudesse abraçar os que amo e os que me amam. E morresse num abraço sem fim. E esse seria o meu momento eterno...

Deixo a música da Ceumar: Joelmir Beting
O matemático Oswaldo de Sousa anunciou que antes do fim do mundo o mundo vai acabar
Vai acabar numa casa de má fama
Numa cama de madame
Vai acabar dando vexame
Mundo vai acabar
No arquivo morto do departamento
Num asilo em Sorocaba
Num grande engarrafamento
Mundo vai acabar
Vai acabar na colisão do meteoro
Na fusão dos elementos a qualquer momento
Mundo vai acabar...
É só tocar no ponto G da bomba H

Joelmir Beting afirma com toda certeza
E o profeta a gentileza fez questão de confirmar
Que tudo isso é só questão de tempo
É só questão de tempo para o tempo fechar
É questão de tempo para água furar pedra
É questão de tempo pra você se acostumar
Que antes do fim do mundo, mundo vai acabar
Antes do fim do mundo, mundo vai acabar
Que é só tocar
É só tocar no ponto G da bomba H
O índice Nasdaq
O tarô do cigano
Os avertigens dos astros
Esse cheiro no ar
Tudo leva crer que é questão de tempo
É questão de tempo para o tempo fechar
Mas é questão de tempo para água furar pedra
É questão de tempo pra você se acostumar
Que antes do fim do mundo, mundo vai acabar
É só tocar no ponto G da bomba H

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Impressão midiática

Tem tudo para ser um dia poético. Logo cedinho, assim que sentei na minha cadeira no jornal, na televisão ligada, Mariana Godoy anuncia uma matéria sobre o congresso internacional de música cubana. E ouço a voz conhecida de Neide Duarte. Aquele texto sensível, pausado, breve. Coisa linda para começar o dia. Depois, abro meus emails e me deparo com isso:

“olha que lindo o que minha amiga me mandou, da clarice:
'Quando comecei a escrever, que desejava eu atingir? Queria escrever alguma coisa que fosse tranqüila e sem modas, alguma coisa como a lembrança de um alto monumento que parece mais alto porque é lembrança. Mas queria, de passagem, ter realmente tocado no monumento. Sinceramente não sei o que simbolizava para mim a palavra monumento. E terminei escrevendo coisas inteiramente diferentes.'
o que isso diz de nossas vidas?
queria tantas coisas, mas fiz outras inteiramente diferentes...”

Neide Duarte, Clarice Lispector e Michelle Berti logo às 8 horas da manhã? Que time de jornalistas é esse numa sexta-feira nublada??? Ah, tem tudo para ser um dia poético...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

sem chão...

A vida é um trem estranho. Com quanto menos chão, mais possibilidades. Com quanto mais segurança, menos vôo. Tem horas que dá medo...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Do tamanho que as coisas têm

Apesar de ter nascido na Grande São Paulo, cresci no interior do Estado. As primeiras lembranças fortes que tenho da minha infância passaram-se nas ruas de uma cidade com 70 mil habitantes. Quando se tem cinco anos, as coisas são enormes! As distâncias, os prédios, as pessoas. Tudo parece muito maior do que a gente.
Vinte anos depois de correr por aquelas ruas, de conviver no pátio da escola das irmãs e de desenrolar minha curta existência naquele lugar, voltei. Percebi que as coisas são, na realidade, do tamanho enorme quando somos pequenos para que sempre nos lembremos delas como grandes mesmo. São esses pequenos detalhes que me construíram. E só aqueles que têm o olhar profundo, que não deixam os tijolos da existência diminuírem com o correr dos anos, saberão o valor que esses pequenos grandes detalhes realmente têm.
Uma brincadeira de criança, uma professora do ensino fundamental, a mudança de casa quando se deixa o cachorro para trás, os amigos que a gente não lembra mais como são. Fragrâncias de um tempo em que fui pequena. E me fizeram tão grande. Com o meu tamanho de hoje (que nem é tão enorme assim – 1,62) as coisas daquele tempo parecem pequenas. Mas são gigantescas...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Desejo

Quero muito!

domingo, 19 de outubro de 2008

2,2 trilhões para quem está de barriga cheia

Texto publicado no blog do Marcelo Tas sobre a atual crise econômica. Vale muito a pena ler e pensar. O que vale mais: a situação financeira mundial ou o fim da fome na humanidade?

Vou fazer um slideshow para você.
Está preparado? É comum, você já viu essas imagens antes.
Quem sabe até já se acostumou com elas.
Começa com aquelas crianças famintas da África.
Aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele.
Aquelas com moscas nos olhos.
Os slides se sucedem.
Êxodos de populações inteiras.
Gente faminta.
Gente pobre.
Gente sem futuro.
Durante décadas, vimos essas imagens.
No Discovery Channel, na National Geographic, nos concursos de foto.
Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos renomados.
São imagens de miséria que comovem.
São imagens que criam plataformas de governo.
Criam ONGs.
Criam entidades.
Criam movimentos sociais.
A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em
Bogotá sensibiliza.
Ano após ano, discutiu-se o que fazer.
Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se
sucederam nas nações mais poderosas do planeta.
Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver o
problema da fome no mundo.
Resolver, capicce?
Extinguir.
Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em
nenhum canto do planeta.
Não sei como calcularam este número.
Mas digamos que esteja subestimado.
Digamos que seja o dobro.
Ou o triplo.
Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.
Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse.
Não houve documentário, ong, lobby ou pressão que resolvesse.
Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia.

Texto publicado no blog do Tas no dia 16 de outubro

terça-feira, 7 de outubro de 2008

sem título...

Desacreditando...

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Reverência diante de uma luta que não é minha

A vida é muito sensível mesmo... Estou produzindo uma matéria sobre pessoas que lutam contra o câncer. É impressionante a maneira como essas pessoas tiram forças sabe-se lá de onde para lutar contra uma doença cujo o próprio nome evita-se dizer. Dá medo. Impressiona também como os pacientes criam meios de dividir as experiências. São comunidades no orkut, sites, depoimentos, blogs...
Em um desses blogs encontrei os posts de provavelmente um jovem que se descobriu com leucemia em 2007. No post mais recente, a mãe dele é quem escreve, pouco mais de um mês depois do último post do rapaz. Que aparentemente perdeu a luta contra a doença. Mas toda derrota é aparente. Ninguém sai perdedor de uma luta dessas. Todos ganham. A pessoa ganha, porque cresce, aprende e ensina sobre o valor da vida. Os parentes ganham porque descobrem o poder que o amor tem.
É doloroso, sabe? Eu não sei pq nunca passei por essa experiência. Apesar de o meu avô ter morrido de câncer, eu era muito nova, sempre fui criada em cidades distantes dos meus parentes, o que impediu um vínculo mais estreito. Mas digo que é doloroso porque perder é sempre muito doloroso. Imagina como é perder alguém que nos é incrivelmente precioso...
A tentação é sempre pedir que Deus nos livre desse mal! E sou grata por nunca ter tido a oportunidade de conviver com ele. Ah, esse post não tem muita finalidade. Era só pra externar essa dor que me tocou, apesar de não ser minha. Só pra me mostrar o quanto a vida é assim tão frágil. O quanto a felicidade é urgente. O quanto o amor não pode perder tempo.

sábado, 27 de setembro de 2008

O poema de Abril

Acabo de assistir pela segunda vez ao filme “Abril despedaçado”. Com a minha história hoje percebo que é um filme sobre como mudar as realidades às quais estamos condenados. No início do filme, Tonho é sentenciado: você já amou? Nunca vai amar porque já está morto!
Contra essa sentença, Tonho não apenas ama! É amado, transcende, se alegra. Contra o sistema que faz os bois rodarem mesmo livres, Tonho consegue vencer. Não sozinho, é claro. Ninguém vence uma sentença de morte sozinho. Mas apenas pelo amor. Amor desinteressado do Minino.
A poética aparentemente despretenciosa de “Abril despedaçado” quer levar além. Levar pra ver o mar. Levar para os sonhos mais improváveis. Contra si, contra o sistema, contra a morte anunciada. É uma poética de esperança. Uma poética do inesperado da vida que rompe com as sentenças e leva para o nunca até então imaginado. É sobre quando a morte certa desperta para a vida verdadeira. "A gente é que nem os bois – roda, roda, e não sai do lugar" - Minino.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Dos contrários a mim

Nem todos que são contra meus hábitos ou novas idéias e ideais me querem mal. Nem todo aquele que me atira a pedra se incomoda com a minha aparente felicidade. Nem todos os que colocam obstáculos aos meus sonhos me querem ver pelas costas. Nem todos os que me criticam querem destruir os meus planos. Nem todos que acentuam os meus defeitos se incomodam com as minhas qualidades. Nem todos que apontam meus fracassos querem destruir o meu sucesso. Nem todos que pensam diferente de mim são meus inimigos.
O respeito pelo que é diferente de mim é o primeiro passo para me libertar de qualquer fanatismo. Seja ele religioso, social ou psicológico. Acolher o outro, ainda que ele me machuque, é dizer com Jesus, do alto da Cruz, perdoe, eles não sabem o que fazem. Eu também não sei o que faço. Se isso consola!
Gosto de olhar para a maneira como Jesus acolhe o que é diferente dele. Uma prostituta, um corrupto, um ladrão, um tosco, um sábio medroso, um jovem inexperiente, um rico apegado... E tem a grandeza de não apontar o dedo pra nenhum deles. A reação dEle a quem foi contrário, Pedro (grande Pedrão), foi firme: afasta-te de mim, satanás. Afasta-te de mim, satanás. E não: "afasta-te de mim, Pedro". Jesus nunca repele. É quem é. Os que quiserem que O sigam. Os que não quiserem que sejam amados sempre e aceitos em qualquer instância.
Uma vez me perguntaram como tirar alguém de uma situação de fanatismo. Eu ainda não tenho a resposta, mas acho que encontrei um caminho. Tentar com tudo que tenho não me fechar ao que é diferente de mim. Toda teoria que exclui, fanatiza. Ninguém é melhor do que ninguém. A maioria dos que apontam o dedo e dizem: "somos diferentes, por isso crescemos" são armadilhas para criar um mundo fechado. Felicidade é estar e ser um com a Vida. O que exclui mantêm parte da Vida apartada.
Sou parte acolhida por Jesus do que é diferente dEle. Não tenho muitas escolhas a não ser fazer o mesmo com aqueles que estão à minha volta!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

De alegrias e da Felicidade

Das alegrias que todos deveriam experimentar um dia: pular atrás de um trio elétrico cercado de amigos; carinho de uma pessoa especial; relembrar uma história engraçada; tomar um “gelinho” da dona Marlene num dia quente de trabalho em Rio Preto; cair exausto depois de uma noite em um bar com os amigos ou com alguém que valha a pena; conversar até de madrugada...

Da Felicidade que poucos conseguem: reencontrar-se consigo e com Deus em um silêncio que questiona; compreender em um refrão repetido o cuidado da Vida consigo; reencontrar um grande amigo depois de anos e compreender o valor da própria história; olhar os próprios erros e amar-se porque deu o máximo de si em cada momento, ainda que tudo tenha dado errado; amar e ser amado verdadeiramente...

Esse fim de semana me dividi entre um retiro quase de silêncio e uma micareta. Foi, no mínimo, esquisito. Agora, que a poeira do trio elétrico do Chiclete com Banana baixou e a "fila andou" percebi o quanto fui alegre no domingo à noite. Entendi também que a felicidade, ainda que compreenda alegria, é mais do que a alegria em si. Posso estar triste e ser feliz. Posso estar alegre e ser profundamente triste. Somos ávidos pela alegria, porque temos a certeza de que ela é a causadora da felicidade. Infelizmente, não é. Ou felizmente.
Comparação besta, mas é como a galera que acha que vai emagrecer da noite pro dia. Como se isso não demandasse tempo, dedicação e renúncia de tanto chocolate!!! Entendi agora, que ser feliz requer sacrifícios também, requer algumas renúncias. Nada obrigado. Ninguém emagrece com uma arma na cabeça. Emagrecer passa pela decisão de emagrecer. Seja por motivos de saúde, seja por simples e pura estética.
Há uns dois meses, decidi que estava na hora de criar vergonha nessa cara e emagrecer os 7 quilos que ganhei de Rio Preto. Emagreci dois quilos em dois meses. Nunca gostei de barrinha de cereal, frutas, pão integral e esse monte de frescura light. Mas precisei me decidir. E como é ruim beber coca zero ao invés da tradicional coca-cola de garrafinha!! Mas é bom perceber que minhas calças já começaram a ser gratas aos meus pequenos sacrifícios diários. Não abandonei o chocolate (como eu faria sem ele???), mas tive de diminuir as doses. Não deixei a coca tradicional de lado, mas na maioria das vezes, tenho de escolher a versão mais magra.
Uma coisa boa só vem com um pouquinho de sacrifício. Mamãe sempre ensinou a máxima: minha filha, o que vem fácil vai embora da mesma maneira.
Felicidade é também erguida com base em lágrimas, algumas renúncias e sacrifícios. Não é só isso, claro. Ela também gosta de pular atrás do trio elétrico. Ô, se gosta!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Em defesa do "auxílio crescimento pessoal"

Hoje eu tive de conter as lágrimas diante de uma foto. Não mostrava miséria, muito menos uma cena linda de amor. Vi as fotos de um lugar que tenho uma vontade imensa de conhecer: os lençóis maranhenses.
Não fiquei emocionada pela beleza do lugar, simplesmente. É mais do que isso. Soma-se à TPM o desejo enorme que tenho dentro de mim de viajar (os que me conhecem sabem que não posso ouvir falar em viagem que já tenho uma mochila nas costas). Além disso, em um milésimo de segundo passou pela minha cabeça o quanto o mundo é enorme. Quantos lugares eu queria conhecer...
Daí, me vi em frente ao meu computador no jornal. Desejos tenho aos montes. Me falta dinheiro. Mais do que dinheiro, tempo. Como é possível que no auge da minha década de 20 eu tenha de passar, no mínimo, 8 horas em um mesmo pequeno espaço. Não é justo! Quando meus anos são relativamente poucos e tenho uma saúde boa para alguém da minha idade, tenho de gastar tudo isso trabalhando! É uma baita injustiça.
Gosto de trabalhar. Gosto mesmo! Mas gostaria mais ainda mais se, de três em três meses, talvez, tivesse uns dez dias para viajar. Se a empresa tivesse nesse mesmo período um "auxílio crescimento pessoal". Uma determinada porcentagem que você ganhasse para investir em si: viagem, estudos, cultura... Ah, tem música que fala isso, né? A gente não quer só comida...
Vê se não era para chorar? Engoli o choro e voltei ao texto que escrevia sobre vida animal. É o que me resta, além das contas que esperam meu próximo pagamento!

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Liberdade

A liberdade devolvida do ponto de vista de quem a perdeu sem razão, pela injustiça cruel de uma sociedade que busca culpados, ainda que não sejam...

FOLHA DE SÃO PAULO
'Foi um sopro de vida', diz rapaz sobre a soltura
JULIANA COISSIEM, SÃO PAULO
LAURA CAPRIGLIONE, DA REPORTAGEM LOCAL

A primeira noite que William César de Brito Silva, 28, passou em casa, com a mulher e o filho, depois de dois anos preso acusado de violentar sexualmente e matar uma jovem em 2006, ele passou acordado. Abriu e fechou uma centena de vezes a porta da casa no bairro de Pedra Branca (zona norte de São Paulo). "Para eu acreditar que, de novo, podia abrir e fechar, eu mesmo, as portas da minha vida." Às 6h da manhã, o jovem foi arrancado do quarto como sempre sonhava, quando ainda estava preso. "Meu filho veio pulando na cama: "Acorda, papai, vamos tomar banho'".
Às 6h30, os celulares já tocavam. Eram os repórteres. Só pela manhã, foram entrevistas a três programas de televisão. À tarde, mais entrevistas: a van da emissora de TV levou-os até o estúdio. E lá se foram: os três libertados (além de William, Renato Correia de Brito, 24, e Wagner Conceição da Silva, 25), mais a mulher de William, Natália, dois irmãos e as mães, Iraildes (de Wagner) e Maria Aparecida (de William).
Na gravação do programa, a produção os fez rever o momento em que deixaram o CDP. Choro das mães Iraildes e Maria Aparecida. Os três recém-libertos seguravam o alvará de soltura, mãos trementes, Renato fixado no papel.
Ao final, novos repórteres e mais explicações. A mesma van levou-os a outro estúdio; de lá, foram para Guarulhos, nova entrevista. E, então, de volta às suas casas e à tentativa de retomar a vida. William já arrumou emprego em um comitê eleitoral. Renato e Wagner têm planos de abrir uma pizzaria.

A saída
"Foi um sopro de vida para a gente", rememorou Renato, sobre o momento da saída. Os 250 presos do setor do CDP começaram a sair organizadamente de suas celas anteontem por volta das 13h. Juntaram-se no pátio comum e começaram a aplaudir os três rapazes. "Vocês vão embora, vão embora! São vocês! Vocês vão sair daqui. Vai com Deus! Boa sorte", gritavam os detentos.
Segundo William, comemoravam o que, para eles, era uma confirmação. A "justiça da cadeia", dois anos antes de a Justiça reconhecê-lo, já havia proclamado a inocência dos jovens. Para isso, presos exigiram e obtiveram a íntegra do processo contra os três, que foi lido "de capa a capa". Se fossem "condenados", diz Wagner, "esta história teria acabado muito antes". "Felizmente, alguém além de nossas famílias acreditou em nós."

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Desacertos ortográficos

Entre as palavras erradas na minha vida estou mais pra quis com "z" do que fútil com "u". Ser fútil, com u ou l, é tão vazio... Agora o querer, com s ou z, supõe desejo. O desejo sugere transcendência! Não importa se está certo ou errado, o desejo impulsiona, leva, provoca. Não gosto do vazio. Ele mantém estagnado. Coisa mais sem grassa (rs!) essa de ficar estagnado... Quero querer e ser querida, com z, com s, x ou ch. A transcendência ainda me perde...

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Contaminada

Hj ouvi Adélia o dia todo. Como pode ser assim tão sensível à realidade essa mulher?
Espalhei versos pela minha vida virtual. Tem um pouco de Adélia no meu orkut, outro pouquinho no meu msn. Ainda não tinha "contaminado" o blog dessa doença poética. Então, aí vai:

A terceira via

Jonathan me traiu com uma mulher que não sofreu por ele um terço do que eu sofri
Uma mulher turista espairecendo na Europa
Jonathan é bastante tolo
Estou sem saber se mudo para alguém mais ladino, se espero Jonathan crescer
Sem descasar-me, sem gastar um tostão o moço oferece-me pensamentos diários com irresistível margem de perigos
Posso ficar tísica, posso engordar, posso entender de física, posso jejuar
Produzindo sua imagem na hora mais quente do dia.
Ismália me diz "Deus é um tijolo, está aqui no nariz do meu cachorro. Eu sou puro pecado".
E imediatamente come docinho de aletria com descansada certeza: "irei salvar-me porque Deus me ama".
Não tenho o peito de Ismália para chegar perto de Deus, por isso fico ganindo e chego perto dos homens
Cheiro a camisa de Pedro, o trago ingrato de Jonathan.
Todos viram que minha boca secou quando disse muito prazer e desfaleci na cadeira.
O amor me envergonha
Da geração da cachaça, do é ou não é, do ou casa ou vai para o convento, não posso ser gay e dizer depende, vou ver, vou tratar do seu caso.
Comigo é na pandega ou na santidade mais rigrosa.
Eu não servia para ter nascido, para comer com boca, andar com pés
E ter dentro de mim oito metros de tripas desejando a filigrama de tua íris
Cuja cor não digo para não estragar tudo e novamente ficar coberta de ridículo.
Sei agora, a duras penas, porque os santos levitam
Sem o corpo a alma de um homem não goza, por isso Cristo sofreu no corpo a sua paixão. Adoro Cristo na cruz.
Meu desejo é atômico, minha unha é como meu sexo. Meu pé te deseja, meu nariz
Meu espírito - que é o alento de Deus em mim - te deseja
Pra fazer não sei o que com você.
Não é beijar, nem abraçar, muito menos casar e ter um monte de filhos.
Quero você na minha frente, estático- Francisco e o Serafim, abrasados -, e eu para todo o sempre olhando, olhando, olhando...

domingo, 17 de agosto de 2008

Festa na roça???

Depois de traçados dois mapas, explicações diversas, telefones anotados (para o caso de nos perdermos), lá fomos nós. A proposta era o aniversário de uma das meninas em um sítio, em uma cidadezinha próxima a Rio Preto. Nos perdemos (é, claro), mas entramos na estrada de terra. Anda, anda, sítio errado, “avenidas” de estradas de terra depois, lá estávamos nós. Paisagem bucólica, bois no pasto, família esparramada pela casa do sítio, churrasqueira a todo vapor.
Sentamos juntos, comemos, bebemos, enfim, atividades normais de qualquer festa, ainda mais ali, cercados de tios, primos e parentes da nossa amiga.
De repente, um dos meninos sobe em uma das áreas cobertas e, sabe-se Deus de onde ele tirou aquele trem, instala um jogo de luz. Isso mesmo, ali, em meio à paisagem rural, surge um jogo de luz verde! Como se não bastasse, saca-se, sabe-se novamente Deus de onde, uma máquina de fazer fumaça, ou “smoking machine”, como vinha advertido no aparelho.
Uma caminhonete amparava a caixa de som e o DJ. A galera começou a maior disco da história. O pilar que sustentava o telhado se transformou, sem entender nadinha do que se passava, em um pau daqueles de dança, em que os mais diversos espécimes se esfregavam descendo e subindo das maneiras mais criativas possíveis. Os bois, do curral, observavam impávidos ao espetáculo.
“Se isso está acontecendo aqui, tenho medo do que acontece em Londres”, foi a expressão máxima de um dos meus amigos, tão estarrecido quanto qualquer um de nós que fomos àquele lugar crentes que ia rolar até terço (afinal era uma festa familiar em um sítio!!).
Os bovinos ainda tentam entender o que se passou. Aliás, eu ainda estou tentando entender!! Assim como tudo que surpreende, foi bom demais!

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Um pouco de rebeldia não faz mal...

Estou polêmica! Quero escrever aqui textos que mexeram muito comigo, no que diz respeito à Igreja (eu não gosto de falar disso, mas as poucas pessoas que passam por aqui têm de ver isso!). Aí vão:

“Ninguém pode ignorar que a Igreja é uma sociedade desigual na qual Deus reservou a alguns a missão de mandar e, a outros, de obedecer, estes últimos são os leigos; os demais são os eclesiásticos”- Papa Gregório XVI

“Quanto à multidão, ela não tem outro direito senão o de se deixar conduzir e guiar docilmente por seus pastores” – Papa PioX

“Os membros do corpo que parecem mais fracos, são os mais necessários... os membros tenham igual solicitude uns com os outros” – Paulo, apóstolo e alicerce da Igreja.

Dúvida: fico com a infabilidade papal ou com as palavras fundantes de Paulo???
Sou mulher e leiga! Eu acho que já fiz a minha escolha! E não inclui deixar-me conduzir docilmente, muito menos fugir do redio...

p.s.: qualquer tipo de comentário que eu considerar ofensivo aos outros, vou apagar. Não é censura. Só acho que podemos manter uma discussão saudável a respeito!

domingo, 10 de agosto de 2008

Bis!

Não há revolta que uma boa música não cure. Ao saber que se aproximava o show da Mônica Salmaso fiz questão de estar bem revoltada, bem brava, bem inquieta. Foi nos versos “que horas você volta” que a voz mais divina que já ouvi me venceu. Lágrimas quando ouço a música dela e algo está fora do lugar dentro de mim são a coisa mais natural, mais comum! A música vai salvar o homem. Ou vai me salvar. Sem generalizar, né? A música vai me salvar!
Não consigo descrever o que provoca em mim uma boa música. Uma voz afinada acompanhada de instrumentos em sintonia. É como se me devolvesse a capacidade de ser gente, de sonhar, de querer ser mais. É batata! Eu posso estar completamente sem rumo. A música me devolve pra mim. E a Mônica, vamos combinar! O que é aquela voz?
Pois bem, fui na quarta-feira, aqui em Rio Preto. Repeti a dose no sábado, em Ribeirão Preto. Nunca é demais o que é bom! E não é questão de ser tiete. Não é, eu não sou disso! É só pra arrumar força pra me devolver cada vez mais pra mim. Pq as pessoas merecem isso!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Sem poesia

As matérias estão me convencendo cada dia mais: é impossível o relacionamento consistente entre um homem e uma mulher. Falo do tipo de relacionamento do qual tenho experiência é claro, pq eu não pretendo ser gay um dia. Nada contra, só não é minha praia.
Homens são diferentes de mulheres. Enxergamos o mundo de forma diferente. E quando um dos dois tenta ser compreensivo, muda o modo de ver a vida para aconchegar o outro na sua realidade, não dá certo. O parceiro vai em busca do lugar comum, afinal de contas desde as cavernas as mulheres são de um jeito e eles, de outro (essa constatação não é de matérias, é da minha própria vida e da maneira de ser de amigas muito próximas).
Não tem porquê o meu ponto de vista um tanto quanto amargo hoje. Estou bem. Não levei fora de ninguém (não pelo menos oficialmente nas últimas semanas), estou bem no trabalho, acabo de voltar de um encontro maravilhoso com amigos que amo. Mas algumas atitudes masculinas em relação a amigas e até comportamentos que me causam estranheza, aliados à opinião de profissionais a respeito de relacionamentos me deixaram completamente sem expectativas. Fundamental também a leitura deste texto a respeito de ter filhos (culpa sua, Lucas!).
Hoje acho que aquela história de crescer e multiplicar está meio torta. E não há livro de auto-ajuda que me convença do contrário! Não, não é mal de mal-amada. Pelo contrário! São olhos de realidade. Dias em que "Deus me tira a poesia. Olho pedra, vejo pedra mesmo", como diz sabiamente Adélia Prado.

P.S.: cuidado com os comentários! Se os livros de auto-ajuda não ajudam, provavelmente comentários de incentivo serão tão neutros ou prejudiciais quanto...

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Enredados

É meia-noite e meu celular toca. Acabei de ver um especial com Ivan Lins. Depois de Bilhete, ele cantou No novo tempo... A voz do outro lado da linha: boa noite, eu gostaria de falar com a jornalista Ariana Virgínia? Eu nem precisava reconhecer a voz para saber que não era a jornalista que procuravam. Jornalista Ariana Virgínia não existe. Faço questão de ser jornalista Ariana Pereira. A voz era tão familiar. Ao fundo mais um monte de timbres conhecidos. Meus amigos. Eles acabaram de sair de um show e se lembraram de mim. Só amigo de verdade liga à meia-noite. Geralmente, para chorar as mágoas. Eles ligam porque se lembram não só de mim, mas de tudo o que já vivemos juntos. Os dedos das minhas duas mãos não dão conta dos meus amigos. E falo de amigos não de colegas. O mérito não é meu, eu não sou legal, não sou disponível, sou egoísta (eles mesmos me dizem isso descaradamente)... Mas a vida colocou muitas pessoas realmente lindas no meu caminho. E o único trabalho que tenho é amá-las! Coisa fácil, eles são todos amáveis demais! Vocês tornam a existência algo prazeroso e válido. Essas ligações à meia-noite mexem com a gente de verdade...

sexta-feira, 25 de julho de 2008

É muita cara de pau

Não gosto de comentar aqui questões de doutrina católica. Não tenho apenas amigos católicos e também não acho que um blog como ao que me propus escrever seja o local de discutir questões da doutrina que sigo. Já existem páginas para isso. Mas hoje fiquei revoltada com uma notícia que li e quero mesmo expor minha revolta.
Um grupo de católicos dissidentes na Itália publicou uma carta dirigida diretamente ao Papa pedindo que ele reconsidere a questão do uso de anticoncepcionais. Não estou aqui para defender ou não métodos contraceptivos. Não me cabe essa função nesse momento. Estou aqui para dizer o quando algumas atitudes hipócritas me deixam realmente brava!
Na carta publicada pelo jornal italiano, entre outras coisas, o grupo diz o seguinte: "a posição da Igreja tem tido um impacto catastrófico sobre os pobres e impotentes mundo afora, ameaçando as vidas das mulheres e deixando milhões expostos ao vírus do HIV". Além disso, ainda segundo a publicação, maioria dos católicos recorre sem culpa a métodos anticoncepcionais, o que seria uma prova do "absoluto fracasso" da proibição.
Agora entra meu sentimento de "putz, não me conformo"! Meu, se a Igreja autoriza o uso de anticoncepcionais vai fazer diferença? Se os católicos os utilizam sem culpa, qual a diferença de um sim ou não da Igreja? Quantos católicos adotam métodos anticoncepcionais? Meu, quanta hipocrisia...
Como se, por decisão do Papa, as pessoas deixassem de contrair Aids ou as adolescentes deixassem de ficar grávidas. Tudo bem que, de acordo com a doutrina católica, o Papa tem a infabilidade, mas ainda não faz milagres!
Na matéria que eu li, o jornalista escreve que a Igreja "só autoriza métodos naturais de contracepção, como a ‘tabelinha’ (abstinência sexual durante o período fértil da mulher)". Outra coisa que me irrita (e eu sou jornalista) é profissional que escreve borracha. Quando eu tenho de fazer uma matéria, pesquiso, me empenho, seja lá o assunto que for. Uma abobrinha ou outra sempre sai, mas me esforço para fugir do senso comum. Tabelinha! Custa pesquisar? Colega de trabalho, fiz isso por vc. Logo na primeira página de pesquisas aparecem, pelo menos, outros três métodos contraceptivos naturais. Entre eles o billings, que tem, cientificamente comprovada, 97% de eficácia.
Enfim, perdoem-me meu momento "Cruzada". Mas é muita hipocrisia exigir uma postura da Igreja mascarando intenções. O Papa proíbe as pessoas de matar, que haja acúmulo de riqueza e pede que todos amem os semelhantes. Isso nos faz viver num mundo isento de homicídios, em que por ano não morram de fome 5 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade ou onde o senhor Bush deixe de declarar uma guerra insana em nome do poder? Tenha santa paciência...

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Ser esquisita

A vida em mim é alguma coisa descontrolada. Ou é simplesmente um forte transtorno bipolar. Posso passar do dia mais triste da semana ao mais promissor de uma existência! Amo essa enchente de possibilidades. Sofro pq quase sempre me deixo levar, sem pensar, por elas. Minha imaginação me engana a ponto de achar que é real o que concebi sozinha por horas a fio deitada na minha cama. E quando, aos poucos, o cotidiano me mostra que tudo não passou da minha fértil ilusão, sou capaz de morrer de depressão por me sentir traída pela vida. Que novamente me mostra outras inesperadas possibilidades e me faz sentir profundamente grata. Sou um ciclone de emoções errante. Sou realmente esquisita!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Do hard ao light!

Estou na expectativa de mais uma mudança. Minha vida sem mudanças não tem muita graça. Elas são companheiras constantes. Quando penso que estou bem longe delas me dá aquela saudadinha no fundo do peito de algum desafio, alguma coisa diferente, algo com o que eu tenha de me adaptar. No início da próxima semana começo o que quero encarar como mais uma face da minha profissão. Passo do caderno de Cidades ao caderno Vida e Arte.
Explico. O caderno de Cidades traz o que chamamos de carinhosamente de "hard news". É a correria atrás do factual. No caderno de Cidades somos reféns constantes do que acontece hoje, agora, nesse minuto. "Alô, aqui é a Ariana do Diário da Região. Estou ligando porque soubemos que o senhor foi preso ontem à noite por dirigir embriagado. O senhor poderia me dar uma palavrinha sobre isso?". "Tu... tu... tu..." (barulho de telefone desligado na cara). Enquanto em pé ao meu lado, a chefe espera que eu tenha conseguido falar, marcar foto, conseguido a ficha completa do cara e o que aconteceu com riqueza de detalhes.
Vida e arte é o que reúne, no nosso jornal, as notícias de variedades, comportamento, cultura. Pautas pré-programadas, pessoas que querem falar, textos mais bem elaborados. Sem muito como descrever porque ainda não trabalhei nessa editoria.
Desde que me formei, foi no hard news que fiz escola. Mas estou cansada, realmente cansada dessa realidade. Amo apaixonadamente, sem dúvida alguma. Gosto de me deparar com pessoas que confiam em nós para sermos os olhos, os ouvidos, os justiceiros. Mas, infelizmente, os tempos não são bons...
Enfim, feliz com a vida que me desinstala mais uma vez. Feliz mesmo! Um pouco de paz, ainda que apenas em uma das minhas realidades, é sempre bem-vindo.

domingo, 29 de junho de 2008

Depois de uma longa espera...

10 horas - fila
meio-dia - fila
13 horas - fila+senha
13h50 - volta pra fila
... 20h45 - meu número de senha no visor!!!
Vivi uma experiência, no mínimo, interessante hoje. As pessoas dormiram na fila. Não era promoção das Casas Bahia. Muito menos do Magazine Luiza. Também não era seleção de currículo. Essa espera toda foi para comprar ingressos das peças do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto. Cansativo... Mas muito bom também. As conversas com os amigos, a escolha das peças, a vigésima transcrição do cardápio cultural com as apresentações escolhidase o mais bonito: todas aquelas pessoas estavam ali atrás de algo além do que todo mundo vê ou gosta. Não era mais um rodeio ou uma micareta (nada contra pq eu já fui e vou aos dois). É um festival de teatro com preços acessíveis a todos! Que bobeira eu ficar admirada com isso. Mas me admira! Hummmm, vou economizar palavras! O FIT está chegando com material pra eu escrever até cansar!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Emprego dos sonhos

A demissão de três grandes amigos me fez pensar nessa última semana em qual seria o emprego dos sonhos. Sim, o emprego. Porque o trabalho é esse que eu faço, infelizmente, fui picada pelo vício do jornalismo. O emprego dos meus sonhos, hoje, seria algo que alia as palavras aos sons. Queria trabalhar com música. Não qualquer música. Queria trabalhar com música dessas que fazem transcender. Vozes lindas, instrumentos bem sincronizados. Como diz uma amiga, produzir bens culturais. Achei que mudaria o mundo quando saí da faculdade. O mundo me mudou. Triste. Mas bom também.
Não desisti dessa história de mudar o mundo. Mas estou cansada um pouco. Precisava de um tempo de oásis. Uma terapia para fechar as feridas abertas pelos números de jornais vendidos nas bancas, as manchetes arrancadas da minha inteligência, o poder do capital sobre o interesse público. Tudo isso se cura com algumas notinhas musicais, não tenho dúvidas...
Mas também, nem sei se é hora de pensar nas minhas poucas feridas. O mundo inteiro tem uma ferida aberta. Chagas tantas vezes incuráveis. Chagas que eu não vou conseguiu remediar trancada nos meus próprios desejos egoístas.
Enfim, eu quero música!
Vale a pena essa, interpretada por Ceumar:

Achou
(Dante Ozzetti e Luiz Tatit)
Investir é cultivar o amor
Se despir é ativar
Resistir é aturar o amor
Insistir é saturar
Aderir é estar com seu amor
Adorar é superstar
Aplaudir ate sentindo dor
É amar
Quem puder viver um grande amor
verá
Consentir é educar o amor
Seduzir é cutucar
Amarei! é conjugar o amor
Não amei é enxugar
Avançar e conquistar o amor
Amansar é como estar
Como estou com muito amor para dá
Eu dou
Quem estiver atrás de um grande amor
Achou!

domingo, 8 de junho de 2008

Quem me navega é o mar...

"Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
É ele quem me carrega
Como bem fosse levar"
(Timoneiro, Paulinho da Viola)

Antes de escrever, quero partilhar o trecho de um grande amigo, professor Jean Lauand: "O latim se vale de verbos chamados depoentes precisamente para essas ações minhas mas que não são predominantemente minhas; eu as protagonizo, mas não sou senhor delas, estou condicionado fortemente por fatores que transcendem o eu e sua vontade de ação" ( texto inteiro aqui)

Estive, de sexta à noite a domingo à tarde em um retiro. Espiritualidade de Santo Inácio, cada um fez um retiro consigo e Deus. A gente não conversava ou trocava experiência. O único a falar e ouvir era o próprio Deus, pelos meios que encontrava!
Uma das primeiras meditações que fizemos foi justamente a dessa música. Não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar...
Assustador! O mar é enorme, gigante, quase infinito! E eu lá no meio dele! É assim com a vida. Ela é imensa, repleta de oportunidades. E não tem cabelos em que a gente possa agarrar pra se sentir mais seguro.
A busca pelas seguranças me atraca ao porto. Deixo de viver, quando me agarro às possibilidades que me são conhecidas, portanto confiáveis.
Eu não vivo a vida. Sou vivida. Não sou agente completamente dominador dessa realidade. Claro, tenho o meu poder de escolhas, mas cada escolha me põe ainda mais no desconhecido, no incerto do mar. Cada decisão é como tirar o apoio dos pés! E isso é o que vale! Nesse momento, quando aceito renunciar as seguranças que criei pra mim, evoluo. Cresço e faço crescer.
Quem nunca tomou um "caldo"? Faz parte de se estar em alto mar. E deixa a gente mais esperto também!
Que eu não abra mão do mar só porque ele não me oferece segurança. A vida é um risco. Corrê-lo ou não é por nossa conta. Tem gente que passa pela vida atrelada ao porto. Quero ser navegada bem muito pelo mar das possibilidades da existência!

Vale a pena ouvir essa música: Timoneiro

Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
É ele quem me navega
Como bem fosse levar

E quanto mais remo mais rezo
Pra nunca mais se acabar
Essa viagem que faz
O mar em torno do mar
Meu velho um dia falou
Com seu jeito de avisar:
- Olha, o mar não tem cabelos
Que a gente possa agarrar

Timoneiro nunca fui
Que eu não sou de velejar
O leme da minha vida
Deus é quem faz governar
E quando alguém me pergunta
Como se faz pra nadar
Explico que eu não navego
Quem me navega é o

A rede do meu destino
Parece a de um pescador
Quando retorna vazia
Vem carregada de dor
Vivo num redemoinho
Deus bem sabe o que ele faz
A onda que me carrega
Ela mesma é quem me traz

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Metamorfose

Como a gente muda... As prioridades de ontem são meros acréscimos de hoje. O que era detalhe no ano passado, hoje pode fazer toda a diferença do mundo. A grandeza da vida consiste também nisso: o inimigo da infância pode ser o melhor amigo atual, o colega de sala do colegial pode se tornar, do nada, uma pessoa importante, o sagrado de ontem é o pecado mais repugnante de hoje e o impensável há seis meses presente agora.
Me encanta o ser humano e sua capacidade de mudar. Tenho medo de pessoas que não mudam. Tenho terror dos que são avessos às transformações. Não tenho receio de perceber em mim mudanças escabrosas. Não suporto incoerência, é bem verdade. Mas pra mudar não precisamos da incoerência...
Aliás, primeiro preciso definir bem a coerência, não é mesmo? Para mim, ser coerente é agüentar o discurso até o último suspiro (pode ser confundido facilmente com ser cabeça-dura). Mas ainda tento entender por qual discurso estou disposta a dar o último suspiro. Estou compreendendo com custo que promover o ser humano é a maior coerência. Que o grande segredo de uma existência sã é amar e, no amor, fazer o que se quer (entenda amor como algo muito maior do que apenas sentimento. Falo de um amor puro, um amor universal, que se doa completamente).
Eu já fui muito incoerente. Sou todos os dias. Mas minhas incoerências têm sido fruto de um processo. Respeitar as incoerências alheias faz parte desse processo.
Pessoas que amo e com quem convivo, estou tentando acolher as incoerências de vocês. É uma violência comigo, me entendam. Por favor, me amem o suficiente para suportar as minhas próprias incoerências. Sou assim mesmo: completamente inacabada. Essa é também uma grandeza da vida.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Uma tragédia e uma comédia

*Texto de Mino Carta publicado na edição on line da Carta Capital, dia 11 de maio

Que levaria o pistoleiro paraense Rayfran das Neves Sales, vulgo Fogoió, a assassinar a missionária americana Dorothy Stang com seis tiros de boa pontaria, em Anapu, a 600 quilômetros de Belém, em fevereiro de 2005? Fervor antiamericanista? Defesa da paz social ameaçada na região por uma revolucionária de 74 anos disposta a incentivar invasões de propriedades privadas? Condenado no primeiro processo, Fogoió fora sentenciado a 27 anos de prisão. Na terça 6 de maio, sua pena foi aumentada para 28 anos pela 2ª Vara do Júri de Belém. Fez jus ao segundo julgamento por ter sofrido pena superior a 20 anos. Em compensação, o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, vulgo Bida, acusado de ser mandante do crime e condenado a 30 anos de reclusão no primeiro processo, desta vez foi absolvido por 5 votos a 2. Simples como a invenção da água quente. Fogoió, que acusara Bida como autor de oferta irrecusável para executar a missionária, retratou-se agora com candura ímpar. E ao sair do tribunal Bida foi festejado por parentes, amigos e pares, donos de terras imensas de origem duvidosa. Só faltou ser levado em triunfo como herói de guerra contra a subversão, diante do atroz espanto do irmão de Dorothy, que veio dos EUA para assistir ao julgamento. Não contava com as surpresas dos trópicos. Este trágico enredo faz pensar em outro, infinitamente menos importante e, ao certo, inclinado à comédia. Os travestis que na semana passada participaram de empolgante aventura, a par de surpreendente, em companhia e por solicitação de Ronaldo, vulgo Fenômeno, imitaram Fogoió e se retrataram. E com igual candura, anunciaram, a bem do futebol nativo e mundial, que na festa supostamente brava não rolou sexo e tampouco droga. No caso, só faltou dizer que se reuniram para elevar preces ao Deus de Kaká.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Amigo é a melhor coisa do mundo

Esse texto é de um amigo muitíssimo querido. Padre Cristiano Guilherme. Pra mim, sempre o Cris... Aos amigos que amo, que convivem comigo, que não vejo há tempos, que gostaria que estivessem aqui para a gente jogar conversa fora. Pra me puxar a orelha, pra me transcender. Pra nos libertarmos juntos

Das coisas que Deus criou, ando pensando que a mais genial foi a amizade. Não estou falando de melação de relações viciadas e dependentes. Falo daquela amizade que cheira criança de 4 anos... Que brinca com o amigo sem pensar na hora, em planos ou interesses. Falo daqueles planos secretos de descobrir o mundo em expedições do outro lado do quarteirão, que fazemos com nossos grandes amigos aos 10. Falo da cumplicidade no período dos primeiros namoricos da adolescência. Falo daquele amigo que conheci nas férias de verão; grande companheiro que o mar levou. Falo das promessas de eternidade da juventude, quando achávamos que poderíamos tudo. Falo em correr pelados na chuva no meio da rua de madrugada (nadar pelados num córrego). Falo daquele amigo que passa toda a noite conosco quando perdemos aqueles que mais amamos. Aquele que nos acompanha até a porta da igreja na hora do casamento e só não entra conosco porque realmente não dá (mas na verdade entram conosco).
Falo daqueles que se perdem no tempo e na história. Falo daqueles que vão mais cedo embora... e estranhamente esses eram diferentes, melhores, vão para a liberdade definitiva. Falo daqueles que perdem seu tempo precioso ouvindo muitas vezes a mesma coisa, a mesma crise, as mesmas dores, as mesmas dúvidas durante décadas. Falo daqueles que achamos que perdemos, que achamos que nos esqueceram, mas que nos reencontram novamente no tempo... desgastados, enrugados, mais feios por fora, mas brilhantes e sem nenhum risco por dentro.
Acho que a Igreja deveria erigir um oitavo sacramento: o da amizade. Ela não faria nada, mas diria da sua existência... com reverência que se deve ter diante dos mistérios.
Com freqüência meus amigos me salvam. Me salvam das minhas dores, tristezas, angústias. Me salvam da solidão. Me salvam da minha auto-suficiência. Me salvam quando me estendem a mão pedindo socorro (e eles acham que eu os salvo!!!). Me salvam quando minhas mãos estão estendidas ao nada e é segurada por eles. Eles são como uma madeira boiando, única salvação para o náufrago cansado.
Meus amigos são sacramentos porque fazem Deus presente na minha vida, salvando-me quando não tenho mais fé e já não mais o enxergo.
A amizade deve ter sido feita no oitavo dia da criação, depois do descanso, depois que a criação dormira. Foi preciso este tempo psicológico para que algo tão grande fosse gerado. Foi a grande obra gerada pelo artífice que Deus criou.
O oitavo dia é o nosso dia. Somos já a coisa dormida, pensada, refletida. Com a matéria prima do amor, a criação de Deus se confunde com a nossa. Criamos, nós e Deus, aquilo que Ele quis entre nós, fruto da liberdade, da partilha, da comunhão. Amizade, sacramento que criamos neste curto e longo oitavo dia de amor. Esta vida é o tempo do amar. É preciso continar a criar, a construir amizades, a fazer Deus presente entre nós.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

poder das palavras

“Eu benzo com um ramo e as palavras. É com palavra que as coisas acontecem” - Maria de Lurdes Costa Bento, 88, fundadora do maior complexo de favelas de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Maria de Lurdes é analfabeta. Entendeu, no entanto, melhor que muitos letrados, o poder que as palavras têm. Sabedoria do povo pobre. Sabedoria divina!

domingo, 27 de abril de 2008

Permanência

Permanecei no meu amor (João 15, 9)
Jesus! Estou simplesmente atônita frente à radicalidade do Evangelho. É tão simples que entra cortando na carne. O Senhor não pediu aos discípulos que fossem perfeitos. Não pediu que fossem mártires ou grandes exemplos para a humanidade. Pediu tampouco que revolucionassem a História ou que mudassem o mundo. O Senhor apenas pediu: permanecei no meu amor.
Que espécie de amor é esse que aceita ser coerente até o fim, sem exigir qualquer recompensa? Que espécie de amor é esse que pede apenas que se permaneça nele?
Fico sem palavras. Pq sei que sou convidada tanto quanto os discípulos a permanecer no Seu amor.
Se o único que, na lógica humana, tinha tudo para ser amado, sem defeito algum, íntegro, coerente, fantástico, praticamente o “príncipe no cavalo branco”, ama sem explicações e exige apenas que se permaneça no amor Dele, meu Deus, a que ponto chegamos! Pobre de mim!
E eu não sei como agir. Sei que permanecer nesse amor é amar na mesma medida. Se sou amada, apesar do caminhão de defeitos que tenho, o quanto eu não deveria também amar?? Mas, basta um trisquinho que me desagrade, toca eu emburrar, não querer mais que essa pessoa participe da minha existência, um desamor completo. É quando deixo de cumprir o único pedido de Jesus: permanecei no meu amor.
Dois versículos adiante, Jesus vai dizer aos discípulos que falou para que permanecessem no amor Dele apenas para que a alegria Dele estivesse nos discípulos e a alegria deles fosse completa. Meu Deus, impressiona. Não pediu que permanecessem no amor para que os outros fossem felizes, para que o mundo fosse melhor, para abrandar o aquecimento global... Pediu que permanecessem no amor Dele apenas para que a alegria deles próprios fosse completa.
Tem dó! O Evangelho é muito radical. Extrapola qualquer lógica. Eu vivo em um mundo capitalista. Sou reconhecida pelo tanto que trabalho. Treinada pelo capital para ser feliz na medida que posso comprar e ter. E vem esse Louco aí e diz que tenho só que permanecer no amor Dele! Que não preciso de mais nada. E que pra ser feliz, tenho apenas que fazer isso: permanecer no amor. Depois que dizem que o Homem foi um louco, tem gente que fica insatisfeita...
É ainda muito para mim!

terça-feira, 8 de abril de 2008

mais um pouquinho

"Ontem à noite celebramos missa e a carta dos exilados Chico e Rosa ns serviu de leitura. O deserto e o exílio. Um tema até certo ponto novo - pelo menos assim integrado - para minha meditação e para minha vida. Um tema para os espíritos que ainda querem swer livres no mundo de hoje."

"Tivemos no penúltimo dia uma celebração - missa e dança - à noite, no pátio, que nos marcou a todos. Dificilmente esquecerei aquela comunhão que recebi da mão de um bororo ritualmente vestido e pintado. Como bispos, como autoridade sagrada, Tomás e eu fomos honrados com um brilhante diadema de penas de arara e de gavião real - pákiro - e marcados no rosto com o vermelho urucum: 'in sanguine', me dizia Tomás, enquanto a índia nos ungia com as mãos vermelhas e cheirosas.
O velho 'Coqueiro' - oráculo da tribo, praticamente um ressuscitado porque conseguiu escapar da morte por tuberculose gravíssima - contou-me o que nunca a ninguém tinha contado. Dizia ele: 'a tradição genesíaca de seu povo foi um encontro com um homem de fé. Eu sabia tudo isso' - advertia - 'Deus, a criação do homem, a vida futura. Quando os padres falaram, acreditei.'
Linda a noção de providência e de previdência de Deus. Deus cria o homem - depois de criar a casa do homem - e do nada, de dentro da casa, o chama à vida, ao mundo, na hora exata do nascer do sol... Fora, diante da casa do homem, permanecia um círculo luminoso de arco-íris como vestígio de Deus. O universo e os caminhos do homem aí estavam e ele era um chamado."

"Deus é bom, mais do que pensamos ou acreditamos, mais do que dizem nossas interpretações da Bíblia e da Moral. Deus ama o homem com um desvelo surpreendente; há uma paixão pelo homem em Deus; uma paixão que se fez paixão em Cristo. É preciso reabrir sempre o horizonte da confiança e reafirmar, cada dia, a fé nesse amor esplêndido de Deus. Acostumamo-no facilmente a medir o coração de Deus peas estreitezas do nosso coração humano."

"Sinto que na Igreja, na HUmanidade salva por Cristo, não há distâncias nem hiatos. Todos estamos, somos e fazemos em todo lugar, em todos os lugares de uma só vez. A comunhão dos santos é verdade."

"O Evangelho é um fermento escondido, uma pertinaz semente enterrada."

"O Evangelho de Jesus deve ser para nós, como era para o padre Francisco, a luz que nos trace o caminho, a força que nos comprometa até a prisão e até a morte em favor dos irmãos oprimidos e pobres."

segunda-feira, 7 de abril de 2008

continuando...

Continuo com os trechos que me têm inflamado no amor a Deus no próximo...

"Ontem defendi minha velha amizade com Teresa de Lisieux. Alegro-me de encontrá-la permanentemente em minha vida. Como uma irmã mais velha e já feliz. Posso contar com ela. Com suas 'rosas' nada fáceis e com o conselho cru e limpo de sua vida. Obrigado, menina! Só se caminha em companhia. Só se vive humanamente, cristãmente em amizade."

"Todos os Santos. A humanidade que Deus quis. Os que responderam a Cristo. O mundo livre e feliz. A História dos homens encaixada na História do amor de Deus. O céu no céu. O céu já na terra."

"A Bíblia é a história da confiança de Deus no homem."

"Eu te reclamo, Deus, por me teres feito assim.
Eu te tolero, Deus, por me teres feito assim.
Eu te perdôo, Deus por me teres feito assim.
Eu te agradeço, Deus, por me teres feito assim.
Por me teres feito assim,
eu tento amar-te, livre,
eu espero mais em ti
e, mais apaixonado
- por me teres feito assim -
quero me saciar de ti
eternamente."

"Ser homem do Terceiro Mundo significa renunciar às estruturas do poder, aos establishmentes que, neste mundo, representam o mundo da dominação. É estar com os oprimidos, com 'os condenados da terra'numa postura de autêntico amor que não é o da conciliação impossível entre quem oprime, aplasta, explora e mata, e quem é oprimido, aplastado, explorado e ameaçado de morte. Já é tempo de os cristãos distinguirem essa coisa tão óbvia, o Amor, de suas formas patológicas: sadismo, por um lado; masoquismo, por outro; ou ambos simultaneamente. O contrário do amor não é, como muitas vezes se pensa, o ódio mas sim o medo de amar e o medo de amar é o medo de ser livre."

"E perseguidos, caluniados, controlados, presos, continuaremos nosso trabalho de conscientização e evangelização - um só e mesmo trabalho em plenitude para a igreja de Cristo - que se preocupa com o homem todo e não somente com os espíritos (contrariamente à opinião do pretenso teólogo coronel Euro)".

"Senhor Jesus!
Minha Força e meu Fracasso
és Tu.
Minha herança e minha pobreza
Tu minha Justiça,
Jesus.
Minha Guerra
e minha Paz.
Minha livre Liberdade!
Minha Morte e minha Vida
Tu.
Palavra de meus gritos,
Silêncio de minha espera,
Testemunha dos meus Sonhos,
Cruz de minha Cruz!
Cura de minha Amargura,
Perdão do meu egoísmo,
Crime do meu processo,
Juiz de meu pobre pranto,
Razão de minha esperança,
Tu!
Minha Terra Prometida
és Tu...
A Páscoa da minha Páscoa,
nossa Glória,
para sempre,
Senhor Jesus!"

"Não sou irreverente nem anárquico se desejo que o Vaticano e as Nunciaturas acabem... O Papa deveria ter necessariamente sua cúria - assessoria, secretaria - não precisamente seu Estado. E até poderia haver núncios - que talvez não fizessem falta, considerando-se a existência das Conferências Episcopais e a descentralização e despotenciação da Igreja - mas os núncios seriam outros e de outro modo. Isto desejo e isto peço. Com muito amor a Igreja de Jesus e com solidária comunhão com Paulo VI, heroicamente reinante... Que seu reino seja cada vez menos deste mundo para o bem do Evangelho e dos homens."

domingo, 6 de abril de 2008

creio na justiça e na esperança

Esse é o título de uma autobiografia de dom Pedro Casadáliga. Tem trechos fantásticos que gostaria de compartilhar com os que de vez em quando passam por aqui. Vou colocando o que mais mexer comigo. Ele é um bispo que veio da Espanha e foi parar no Mato Grosso, cuidando das comunidades rurais do local. Aí vai o primeiro trecho:

"Já havíamos cortado relações com as fazendas. Não podíamos celebrar a Eucaristia à sombra dos senhores, viajando em seus carros ou aviões, comendo ou bebendo uísque em sua mesa, sendo 'assistidos' nas celebrações pelos que escrevizavam sistematicamente os irmãos menores: essa já não seria mais a ceia do Senhor! Deixávamos de ser amigos dos 'grandes' e os enfrentávamos. Nenhum explorador ou colaborador usado pela exploração poderia ser padrinho de batismo, por exemplo. Deixamos de aceitar caronas em seus carros, esquivávamo-nos positivamente de suas companhias, de seus sorrisos; deixamos inclusive de cumprimentá-los nos casos mais descarados. (Em contrapartida íamos ganhando a confiança e o amor dos pobres e oprimidos). Foi hora de opção, dilacerada opção que violentava o próprio temperamento, a vontade natural de estar bem com todos, a formação de mansidão evangélica recebida, a velha norma pastoral de 'não apagar a lâmpada que ainda bruxoleia'... Ruptura que continua deixando em tensa cruz a vida da gente."
(Capítulo 1, parte 4)

"O amor ou é total (para o homem todo e para todo homem, para a terra e para o céu) ou não é..."

Sobre o convite de consagração de bispo:
"Decidi não usar anel nem mitra nem báculo. Ontem esbocei umas linhas de convite que explicariam antecipadamente o porque dessa atitude que considero simplesmente lógica. Não vou dar lição a ninguém. Entretanto, devo ser conseqüente.
"O convite-lembrança teria a reprodução de um berrante e um laço pastorais das ilustrações nordestinas de Poty e um texto que rezaria assim:
"Tua mitra será um chapéu de palha sertanejo; o sol e o luar; a chuva e o sereno; o olhar dos pobres com quem caminhas e o olhar glorioso de Cristo, o Senhor.
"Teu báculo será a verdade do Evangelho e a confiança do teu povo em ti.
"Teu anel será a fidelidade à Nova Aliança do Deus libertador e a fidelidade ao povo desta terra.
"Não terás outro escudo senão a força da esperança e a liberdade dos filhos de Deus, nem usarás outra luva que o serviço do Amor."

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Uma vida cigana

Diante da certeza de que tudo passa, fiquei surpresa, ontem, ao me deparar com algumas que não seguem essa lógica. Pequenas coisas, minúsculos detalhes, que vão marcar pra sempre as histórias. E não estou falando de histórias individuais. Detalhes compartilhados, que dizem coisas, pequenas e profundas, de tempos em que duas, três ou mais histórias se encontraram.
Vivi isso ontem. Estava com amigos em um bar. Era aniversário de uma pessoa que fez toda a diferença em um período da minha vida. Partilhamos intensamente um tempo das nossas histórias. Claro, quando isso acontece, se partilha músicas, acontecimentos engraçados, lágrimas, conflitos. Tudo bem marcado, com a profundidade com que o amor foi partilhado. Quanto mais o amor for partilhado intensamente, mais compartilham-se pequenos detalhes. E se sabe que isso é comum aos que fizeram parte da história. De repente, um objeto, um cheiro e horas, meses, anos presentificam-se.
Ontem, foi uma música. Letra e melodia que contaram um momento da minha vida e desse amigo. Ele pediu que a banda tocasse a música que nos tocou tão forte naquele tempo. Todo mundo cantou. A mesa inteira cantou normalmente, como se fosse apenas mais uma música. Não achei que ela tivesse importância na vida desse meu amigo. Tinha para mim. Sempre teve. Muitas vezes a ouvi com lágrimas nos olhos de saudade de um tempo que foi bom.
Cantei. Cantamos. Entendi o valor que ela tinha em uma fração de segundos. No momento em que os meus olhos encontraram os olhos do meu amigo. Não trocamos palavra. Não precisava. Naquele olhar, estava contida uma história inteira. Tudo foi dito em menos de um segundo e numa letra de música. Existem coisas que nunca vão passar...

quarta-feira, 2 de abril de 2008

descompromisso

Tinha que escrever aqui. Mas quando comecei a despejar aqui as coisas que mexiam comigo, não comecei por obrigação. Portanto, postar aqui não vai ser nunca obrigação. Só vai ter coisa nova quando a novidade não couber no peito e precisar de mais espaço pra ser real.
Hoje só uma frase: sempre na hora errada! Hahahahahahahahaha...

sábado, 15 de março de 2008

Ser missionário...

Quem irá por nós? Eis-me aqui, Senhor, envia-me!
E lá se vão os missionários...
O que é ser missionário? Às vezes, fico perdida pensando que eu sou jornalista porque é o mais cômodo para mim. Tenho meu carro, minha casa, meu trabalho, meus e minhas que garantem tranqüilidade, segurança, talvez.
Nessas horas parece que todos os sonhos que eu tinha de estar a serviço de Deus e do próximo escorreram pelo ralo do cotidiano que engole todo ser humano. Que o desejo de transformar caiu no conformismo de me sustentar, ganhar o meu pão.
Pq não tive a coragem de abrir mão do meu diploma e ser freira? Pq não deixei minha formação acadêmica e fui viver em uma comunidade de vida? Pq não coloquei a serviço de uma organização eclesiástica o meu talento profissional? Nesses momentos, vejo os meus talentos todos enterrados: serva má! Pq não soubeste cuidar do único talento que te dei, vou tomá-lo...
Hj estive em uma cadeia feminina. Como uma boa dama cercada no meu castelo de cristal nunca tinha entrado em um lugar desses. Realidade nua e crua na carne de uma sociedade doente. Queria ser azeite. Estava ali profissionalmente e tento muito dividir as coisas quando estou trabalhando. Mas o desejo de ser o local em que o Cristo reclina a cabeça foi mais forte.
Aquelas pessoas ali têm culpa. Muita! Senão não estariam ali. Mas não tinha lá nenhuma socialite que desviou dinheiro. Nem nenhuma madame cleptomaníaca... Estavam ali mulheres que a sociedade cuidou para que estivessem. Não que a sociedade é a grande monstra da questão. Nada de maniqueísmo. Seria infantil demais pensar que uma cadeia é apenas um aglomerado de vítimas.
Mas aquelas mulheres me mostraram a potência da minha missionariedade. Foram a resposta à minha oração de ontem. Sou formadora de opinião. Se eu não ocupar o meu lugar na sociedade, outras pessoas o farão. E pode ser que não tenham o meu coração. Pode ser que sejam melhores, é claro. Mas podem ser menos tocadas pelo envio do que eu. Deus, quero a graça de saber e assumir o meu lugar na messe.
Sou missionária. Sou jornalista!

sábado, 8 de março de 2008

Parada

O tempo parou. Três pessoas fizeram isso e não foi a Santíssima Trindade (mas sem dúvida ela também esteve ali pra contemplar o mistério!). Mônica Salmaso, Teco Cardoso (sopro) e Toninho Ferragutti (acordeon). Três instrumentos que enganaram o tempo com a música. Foi uma hora e meia com um sorriso babão na cara, passando os olhos encantados do acordeon pra Mônica, dela pro Teco - que só não tocou tubo de pasta de dente (pq não tinha um lá, se tivesse, ele tiraria som, sem dúvida!).
Viajei mais de cem quilômetros pra ouvir essa voz ao vivo e pessoalmente. Não tinha como não encarnar a tiete e ir conversar com ela depois que acabou. Calcei a cara e pedi um abraço (quer coisa mais tiete??). Olha, foi uma noite e tanto de exorcismo. Eu disse a ela que costumo chamá-la de minha exorcista.
Os instrumentos entraram em cena e o tempo parou. Parecia que eu tinha ficado horas a fio ouvindo, ouvindo, ouvindo... Fiquei surpresa ao perceber que havia passado apenas 1 hora e meia.
O inefável não se explica, não é mesmo? Quando tiver a oportunidade, vá ver esse trio. Vá ouvir essa voz. Fica fácil perceber que Deus existe quando se escuta essas notas bem traçadas. Ele estava lá. Não perde um show desses! Encantado sempre com a criação que é imagem e semelhança...

segunda-feira, 3 de março de 2008

Humano

A Páscoa está chegando. Amo esse tempo. Não como todo cristão deveria amar, mas amo. Primeiro pq a tradição da Igreja me ensinou que essa é a maior festa do calendário cristão. Depois, pq é o tempo que Jesus se revela inteiro a mim: humano e divino. Dois momentos ápices para mim. A Ressurreição pq mostra o Jesus, Filho de Deus. E o Getsêmani pq mostra o Jesus, Filho do Homem. Momento em que Ele precisou de mim! É demais um homem tão humano precisar de alguém. E de mim, tão desfigurada, tão desfeita.
Na agonia, Jesus exerce a humanidade purinha. É o momento em que Ele, livremente, escolhe o caminho que vai traçar. Ali, Ele poderia ter dito não. Como pensou em dizer: "Pai, afasta de mim esse cálice". Mas opta por mim. Pela humanidade: "mas não se faça a minha vontade".
Jesus exerce a liberdade do homem. Dignifica a humanidade, ali. E é nesse momento, de maior dignidade do ser, que Ele olha pra mim e me pede que fique com Ele. Eu que não canso de repetir: fica, Senhor, comigo.
Para mim, a agonia é o momento em que minha humanidade toca inteiramente Jesus. Não é Ele que vem até mim para me elevar. É Ele que vem até mim e assume o meu lugar de gente. E me pede ajuda pra isso.
É no Getsêmani que me sinto mais unida ao coração do meu Amado. Pq é quando Ele decide-se integralmente por mim. É também momento de decidir-me integralmente por Ele. E todos sabemos o que vem após o Horto das Oliveiras...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Eu tenho fé de guerrilheiro e amor de revolução...

... quem me dera!

"O anel de Tucum”
“... Chamar-me-ão de subversivo/
Eu responderei incisivo:/
O sou. Pelo meu povo que luta,/
Pelo meu povo que trilha apressado/
Caminhos de sofrimento./
Eu tenho fé de guerrilheiro/
E amor de revolução./
E entre Evangelho e canção/
Penso, e digo o que sei./
Se escandalizo, primeiro/
Eu me abrasei de Paixão/
Na cruz do meu Senhor!”
Dom Pedro Casaldáliga

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Cabide

Eu quero isso!!!

Se eu fingir e sair por aí na noitada me acabando de rir
Se eu disser que não digo e não ligo e que fico só vou aprontar...
É que eu sambo direitinho assim bem miudinho
Cê não sabe acompanhar
Vou arrancar sua saia e por no meu cabide só prá pendurar
Quero ver se você tem atitude, se vai encarar...
Se eu sumir dos lugares, dos bares, esquinas e ninguém me encontrar
E se me virem sambando até de madrugada e você for até lá...
É que eu sambo direitinho assim bem miudinho
Cê não sabe acompanhar
Vou arrancar tua blusa e por no meu cabide só prá pendurar
Quero ver se você tem atitude, se vai encarar...
Chega de fazer fumaça de contar vantagem
Quero ver chegar junto prá me juntar, eh!
Me fazer sentir mais viva, me apertar o corpo e a alma, me fazendo suar
Quero beijos sem tréguas
Quero sete mil léguas, sem descansar
Quero ver se você tem atitude, se vai encarar...

Ah, não precisa de muito comentário! Já ouviu essa música inteira? Pois, então, aventure-se!! Dá vontade mesmo de sair por ai... Será que eu ainda arranjo alguém pra encarar??? Hummmm... Ei, vida boa!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Fracassos que levam além

Os que me conhecem de mais perto sabem do meu imenso carinho por uma personalidade espanhola fantástica: Teresa de Jesus. Mais conhecida como Santa Teresa D'Ávila, essa mulher impressiona pela força e por estar séculos à frente do tempo em que viveu. Enfrentou regras, governos, sociedade e a própria Igreja para mudar uma estrutura (foi a reformadora do Carmelo). Acreditou e deu-se completamente em favor a uma causa. Mas o que mais encanta não é essa força toda. O que mais me faz admirar essa mulher é o fato de que não nasceu pronta. Foi se tornando quem tinha de ser gradativamente. Só começou a reforma do Carmelo com mais de 40 anos (ainda tenho tempo para fazer diferença na realidade em que estou!!)!
Teresa teve dois grandes pilares para ser quem era. Um pequeno frade (que ela chamava de meio), João da Cruz, e um amigo, uma alma-irmã, chamado padre Jerónimo Gracián. Ninguém se faz sozinho. Com esses homens, Teresa chorou, trocou confidências, derramou a alma e os sonhos que trazia consigo. Foi essa troca que fez de Teresa, Teresa, de João da Cruz, João da Cruz e padre Gracián, padre Gracián.
Ao fim da vida dos três, aparentemente, os ideiais mais puros que carregavam consigo fracassaram. Teresa morreu e, depois disso, seus dois grandes amores foram perseguidos pela Ordem que ajudaram a reformar. O grande doutor da Igreja, São João da Cruz, acabou os dias em um mosteiro no qual não era o mais querido. Padre Gracián foi expulso da mesma ordem pela qual doou a vida. Foi vendido como escravo por seus irmãos de congregação...
A história de grandes seres humanos faz-se também de grandes derrotas. De fustrações, desilusões, sofrimento. O que se faz disso tudo é que torna a pessoa digna de ser mirada (entenda-se por mirada algo muito mais do que olhar). É a forma de lidar com o que é próprio da vida que torna a pessoa completamente livre para ser. Acima de qualquer lei, acima de qualquer regra ou amarra. Ainda dá tempo...

"Certa noite, após o jantar, chegou às portas do convento um homem que tinha sido esfaqueado, gemia e pedia por confissão. Tendo ouvido os gemidos e apelos do pobre homem, Gracián disse: 'vamos rápido atendê-lo em confissão.' Mas uns tantos lhe chamaram a atenção: 'não se pode abrir a porta, é contra a obediência'. 'Que obediência! Não há que obedecê-la, vamos atendê-lo antes que morra', contestou Gracián e saiu para ouvir a confissão do moribundo. Aqueles que não queriam que a porta fosse aberta passaram a incriminá-lo dizendo que ele ignorava o voto de obediência e que dizia coisas que chegavam perto da heresia" (Jerônimo Gracián de la Madre de Dios OCD: o herdeiro exilado - José Alberto Pedra)

Ser humano condenou o padre Gracián. Quero ser condenada assim! Quero encontrar muitos condenados assim pelo caminho.

domingo, 20 de janeiro de 2008

A verdade que faz livre

"Talvez desilusão seja o medo de não pertencer mais a um sistema. No entanto se deveria dizer assim: ele está muito feliz porque finalmente foi desiludido. O que eu era antes não me era bom. Mas era desse não-bom que eu havia organizado o melhor: a esperança. De meu próprio mal eu havia criado um bem futuro. O medo agora é que meu novo modo não faça sentido? Mas por que não me deixo guiar pelo que for acontecendo? Terei que correr o sagrado risco do acaso. E substituirei o destino pela probabilidade." (Paixão segundo GH - Clarice Lispector)
O texto de Clarice Lispector é tão exato e profundo que dispensa comentários. Mas como isso é um blog, lá vão meus devaneios. A gente é cheio de viver de ilusões e quando elas se defazem ficamos como que perdidos. E se se tornam realidade, causam o mesmo impacto. E agora? O que faço da minha ilusão que se desfez? O que faço dos meus sonhos que se tornaram reais??? Somos uns "oreias secas" como dizia um amigo meu. Preferimos viver em cima da torre de cristal a ver o mundo com a realidade que ele exige. Temos de criar realidades só nossas para conseguir sobreviver. É quando essas realidades se desfazem e somos obrigados a enfrentar a verdade de maneira mais nua e crua, sofremos. Mas tenho um outro amigo que diz uma frase certeira: conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. A verdade é dolorosa, muitas vezes. Mas quando soubermos encará-la e viver nela... Ah, isso é liberdade! E foi para a liberdade que fomos criados.
Hoje, agora, sou grata pelas desilusões que a existência me deu. Quando elas chegaram, juro que pensei que fosse morrer. E morri! Mas soube reviver, mais livre, mais completa, mais verdade.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Férias

Nem acredito! Estou no início do ano e também no início das minhas primeiras férias em quatro anos! Não que não tenha parado nenhum minuto ao longo desse tempo de formada, mas nunca com a estabilidade de férias! Tudo do jeito que eu estava realmente precisando: acordo às 13 horas, não faço nada e ainda sobre tempo pra fazer nada pelo resto do dia. Na semana que vem vou viajar. Mas nada me faz esquecer a paixão pelas letras. Meu, isso parece mais uma doença! Sabe o que eu faço quando canso de fazer nada? Escrevo! Isso é realmente alguma doença que eu contraí naquela universidade. Não é possível!
Isso não quer dizer que quero voltar a trabalhar amanhã. Isso quer dizer que, por mais que meu corpo e cabeça fiquem cansados, o amor que tenho pelo que eu faço supera isso. É essa superação que me fez agüentar todo esse tempo. É esse amor que brota sei lá de onde que me faz abaixar a cabeça diante de mil desaforos e voltar para o meu teclado com força nos dedos para escrever histórias.
Um dos meus desejos para 2008 é continuar amando. Pq sem esse amor, sem essa paixão que nunca acaba, é impossível retomar. Ao coração de Deus peço apenas que me ensine a amar e amar cada vez mais. A minha profissão, as pessoas com quem convivo, as pessoas que não conheço, o mundo. Quero, como Santa Teresinha, dizer que minha vocação é o amor. Mesmo sabendo que não sou tão nobre para isso. No coração do mundo, o meu lugar, serei tudo, serei o amor. Desculpe o plágio mal feito, Teresinha, devem ser os dias parados!