quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Do tamanho que as coisas têm

Apesar de ter nascido na Grande São Paulo, cresci no interior do Estado. As primeiras lembranças fortes que tenho da minha infância passaram-se nas ruas de uma cidade com 70 mil habitantes. Quando se tem cinco anos, as coisas são enormes! As distâncias, os prédios, as pessoas. Tudo parece muito maior do que a gente.
Vinte anos depois de correr por aquelas ruas, de conviver no pátio da escola das irmãs e de desenrolar minha curta existência naquele lugar, voltei. Percebi que as coisas são, na realidade, do tamanho enorme quando somos pequenos para que sempre nos lembremos delas como grandes mesmo. São esses pequenos detalhes que me construíram. E só aqueles que têm o olhar profundo, que não deixam os tijolos da existência diminuírem com o correr dos anos, saberão o valor que esses pequenos grandes detalhes realmente têm.
Uma brincadeira de criança, uma professora do ensino fundamental, a mudança de casa quando se deixa o cachorro para trás, os amigos que a gente não lembra mais como são. Fragrâncias de um tempo em que fui pequena. E me fizeram tão grande. Com o meu tamanho de hoje (que nem é tão enorme assim – 1,62) as coisas daquele tempo parecem pequenas. Mas são gigantescas...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Desejo

Quero muito!

domingo, 19 de outubro de 2008

2,2 trilhões para quem está de barriga cheia

Texto publicado no blog do Marcelo Tas sobre a atual crise econômica. Vale muito a pena ler e pensar. O que vale mais: a situação financeira mundial ou o fim da fome na humanidade?

Vou fazer um slideshow para você.
Está preparado? É comum, você já viu essas imagens antes.
Quem sabe até já se acostumou com elas.
Começa com aquelas crianças famintas da África.
Aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele.
Aquelas com moscas nos olhos.
Os slides se sucedem.
Êxodos de populações inteiras.
Gente faminta.
Gente pobre.
Gente sem futuro.
Durante décadas, vimos essas imagens.
No Discovery Channel, na National Geographic, nos concursos de foto.
Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos renomados.
São imagens de miséria que comovem.
São imagens que criam plataformas de governo.
Criam ONGs.
Criam entidades.
Criam movimentos sociais.
A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em
Bogotá sensibiliza.
Ano após ano, discutiu-se o que fazer.
Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se
sucederam nas nações mais poderosas do planeta.
Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver o
problema da fome no mundo.
Resolver, capicce?
Extinguir.
Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em
nenhum canto do planeta.
Não sei como calcularam este número.
Mas digamos que esteja subestimado.
Digamos que seja o dobro.
Ou o triplo.
Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.
Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse.
Não houve documentário, ong, lobby ou pressão que resolvesse.
Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia.

Texto publicado no blog do Tas no dia 16 de outubro

terça-feira, 7 de outubro de 2008

sem título...

Desacreditando...

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Reverência diante de uma luta que não é minha

A vida é muito sensível mesmo... Estou produzindo uma matéria sobre pessoas que lutam contra o câncer. É impressionante a maneira como essas pessoas tiram forças sabe-se lá de onde para lutar contra uma doença cujo o próprio nome evita-se dizer. Dá medo. Impressiona também como os pacientes criam meios de dividir as experiências. São comunidades no orkut, sites, depoimentos, blogs...
Em um desses blogs encontrei os posts de provavelmente um jovem que se descobriu com leucemia em 2007. No post mais recente, a mãe dele é quem escreve, pouco mais de um mês depois do último post do rapaz. Que aparentemente perdeu a luta contra a doença. Mas toda derrota é aparente. Ninguém sai perdedor de uma luta dessas. Todos ganham. A pessoa ganha, porque cresce, aprende e ensina sobre o valor da vida. Os parentes ganham porque descobrem o poder que o amor tem.
É doloroso, sabe? Eu não sei pq nunca passei por essa experiência. Apesar de o meu avô ter morrido de câncer, eu era muito nova, sempre fui criada em cidades distantes dos meus parentes, o que impediu um vínculo mais estreito. Mas digo que é doloroso porque perder é sempre muito doloroso. Imagina como é perder alguém que nos é incrivelmente precioso...
A tentação é sempre pedir que Deus nos livre desse mal! E sou grata por nunca ter tido a oportunidade de conviver com ele. Ah, esse post não tem muita finalidade. Era só pra externar essa dor que me tocou, apesar de não ser minha. Só pra me mostrar o quanto a vida é assim tão frágil. O quanto a felicidade é urgente. O quanto o amor não pode perder tempo.