domingo, 29 de agosto de 2010

Do que é próprio da eternidade

"Amigo fiel é poderoso refúgio, quem o descobriu, descobriu um tesouro"(Eclo 6, 14)
E quem descobriu mais de uma dúzia desses? Quem os tem esparramados por outras cidades, outros cantos, diferentes formas, tamanhos, endereços, rostos, sorrisos? Quem tem mais, bem mais de um amigo desse tipo é o que? Um milionário? Um abençoado? Um feliz? Pela lógica, a resposta rápida e impensada diz retumbante: sim! Mas quem tem um monte desses é alguém dividido. Não consegue se dedicar com tudo de si a um deles, como faria se tivesse um só. As saudades de quem encontrou mais de um desses é um poço sem fim. Quem foi agraciado com uma dúzia desses precisava do dom de bilocar, de trilocar, de se dividir em quantos amigos assim haja, para estar mais e mais com eles. Ou tinha de ser milionário de dinheiro mesmo. Para estar com todos um pouco de cada vez e tirar deles o que há de melhor, se dando também. Eu encontrei alguns desses e estar com eles é sempre algo que as palavras são incapazes de apreender e fazer apreender. É puro símbolo. Simbologia difícil de ser falada. Por instantes, quando estão mais do que um desses ao meu lado, tenho a certeza de que o céu é a mais pura realidade e acontece ali, exatamente ali, naquele instante que, de tão intenso, torna-se eterno. É tão incrível saber que são assim mesmo: um tesouro pelo qual não batalhei, foi simplesmente encontrado! E o banquete eucarístico, a comunhão, acontece na mesa de um bar, nos bancos de um metrô, com samba rock, em um festival de curtas, de teatro, no santo altar e, também, no seio da Vida. Eles me fazem mais eterna, me ensinam porque o Verbo se fez carne. Pq realmente vale a pena ser carne! Ainda que seja nela que se sofre, é nela também que se ama!! "Pois tal como ele é, assim é seu amigo"(Eclo 6, 17).

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sobe o som

Esse abandono! Deus, como a derrelição pode ser mais fecunda do que o aconchego?! Enfim, como me falta criatividade para ser sensível, quero dizer de hoje. Passei o dia com os meninos de Liverpool. Eles conseguem me impressionar muito, mas muito. Com efeitos inesperados no meio das músicas. Isso foi lá em 1950 e parece que nem foi ainda! Música surpreendente, técnica estranhamente contemporânea. E aí que só podiam levantar suspeitas de pactos com o diabo. Imaginem... Quanta sandice! São a prova mais absoluta de que é possível ser humano e genial! Humano e surpreendente! Humanos e divinos!