domingo, 29 de junho de 2008

Depois de uma longa espera...

10 horas - fila
meio-dia - fila
13 horas - fila+senha
13h50 - volta pra fila
... 20h45 - meu número de senha no visor!!!
Vivi uma experiência, no mínimo, interessante hoje. As pessoas dormiram na fila. Não era promoção das Casas Bahia. Muito menos do Magazine Luiza. Também não era seleção de currículo. Essa espera toda foi para comprar ingressos das peças do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto. Cansativo... Mas muito bom também. As conversas com os amigos, a escolha das peças, a vigésima transcrição do cardápio cultural com as apresentações escolhidase o mais bonito: todas aquelas pessoas estavam ali atrás de algo além do que todo mundo vê ou gosta. Não era mais um rodeio ou uma micareta (nada contra pq eu já fui e vou aos dois). É um festival de teatro com preços acessíveis a todos! Que bobeira eu ficar admirada com isso. Mas me admira! Hummmm, vou economizar palavras! O FIT está chegando com material pra eu escrever até cansar!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Emprego dos sonhos

A demissão de três grandes amigos me fez pensar nessa última semana em qual seria o emprego dos sonhos. Sim, o emprego. Porque o trabalho é esse que eu faço, infelizmente, fui picada pelo vício do jornalismo. O emprego dos meus sonhos, hoje, seria algo que alia as palavras aos sons. Queria trabalhar com música. Não qualquer música. Queria trabalhar com música dessas que fazem transcender. Vozes lindas, instrumentos bem sincronizados. Como diz uma amiga, produzir bens culturais. Achei que mudaria o mundo quando saí da faculdade. O mundo me mudou. Triste. Mas bom também.
Não desisti dessa história de mudar o mundo. Mas estou cansada um pouco. Precisava de um tempo de oásis. Uma terapia para fechar as feridas abertas pelos números de jornais vendidos nas bancas, as manchetes arrancadas da minha inteligência, o poder do capital sobre o interesse público. Tudo isso se cura com algumas notinhas musicais, não tenho dúvidas...
Mas também, nem sei se é hora de pensar nas minhas poucas feridas. O mundo inteiro tem uma ferida aberta. Chagas tantas vezes incuráveis. Chagas que eu não vou conseguiu remediar trancada nos meus próprios desejos egoístas.
Enfim, eu quero música!
Vale a pena essa, interpretada por Ceumar:

Achou
(Dante Ozzetti e Luiz Tatit)
Investir é cultivar o amor
Se despir é ativar
Resistir é aturar o amor
Insistir é saturar
Aderir é estar com seu amor
Adorar é superstar
Aplaudir ate sentindo dor
É amar
Quem puder viver um grande amor
verá
Consentir é educar o amor
Seduzir é cutucar
Amarei! é conjugar o amor
Não amei é enxugar
Avançar e conquistar o amor
Amansar é como estar
Como estou com muito amor para dá
Eu dou
Quem estiver atrás de um grande amor
Achou!

domingo, 8 de junho de 2008

Quem me navega é o mar...

"Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
É ele quem me carrega
Como bem fosse levar"
(Timoneiro, Paulinho da Viola)

Antes de escrever, quero partilhar o trecho de um grande amigo, professor Jean Lauand: "O latim se vale de verbos chamados depoentes precisamente para essas ações minhas mas que não são predominantemente minhas; eu as protagonizo, mas não sou senhor delas, estou condicionado fortemente por fatores que transcendem o eu e sua vontade de ação" ( texto inteiro aqui)

Estive, de sexta à noite a domingo à tarde em um retiro. Espiritualidade de Santo Inácio, cada um fez um retiro consigo e Deus. A gente não conversava ou trocava experiência. O único a falar e ouvir era o próprio Deus, pelos meios que encontrava!
Uma das primeiras meditações que fizemos foi justamente a dessa música. Não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar...
Assustador! O mar é enorme, gigante, quase infinito! E eu lá no meio dele! É assim com a vida. Ela é imensa, repleta de oportunidades. E não tem cabelos em que a gente possa agarrar pra se sentir mais seguro.
A busca pelas seguranças me atraca ao porto. Deixo de viver, quando me agarro às possibilidades que me são conhecidas, portanto confiáveis.
Eu não vivo a vida. Sou vivida. Não sou agente completamente dominador dessa realidade. Claro, tenho o meu poder de escolhas, mas cada escolha me põe ainda mais no desconhecido, no incerto do mar. Cada decisão é como tirar o apoio dos pés! E isso é o que vale! Nesse momento, quando aceito renunciar as seguranças que criei pra mim, evoluo. Cresço e faço crescer.
Quem nunca tomou um "caldo"? Faz parte de se estar em alto mar. E deixa a gente mais esperto também!
Que eu não abra mão do mar só porque ele não me oferece segurança. A vida é um risco. Corrê-lo ou não é por nossa conta. Tem gente que passa pela vida atrelada ao porto. Quero ser navegada bem muito pelo mar das possibilidades da existência!

Vale a pena ouvir essa música: Timoneiro

Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
É ele quem me navega
Como bem fosse levar

E quanto mais remo mais rezo
Pra nunca mais se acabar
Essa viagem que faz
O mar em torno do mar
Meu velho um dia falou
Com seu jeito de avisar:
- Olha, o mar não tem cabelos
Que a gente possa agarrar

Timoneiro nunca fui
Que eu não sou de velejar
O leme da minha vida
Deus é quem faz governar
E quando alguém me pergunta
Como se faz pra nadar
Explico que eu não navego
Quem me navega é o

A rede do meu destino
Parece a de um pescador
Quando retorna vazia
Vem carregada de dor
Vivo num redemoinho
Deus bem sabe o que ele faz
A onda que me carrega
Ela mesma é quem me traz