terça-feira, 30 de dezembro de 2008

As uvas e o ano novo

Todo mundo (ou quase todo mundo) espera alguma coisa do próximo ano. A gente se acostumou a criar expectativas com a passagem de um ano para o outro, mesmo que esse lance de trocar de ano seja um trem realmente sem mística alguma (é apenas o tempo que segue, mais um mês que termina e mais um que começa. Quem festeja cada passagem do mês como o início de um novo ciclo???).
Mas eu sou normal, por isso tenho as minhas próprias expectativas. Ainda mais que essa será a primeira vez que eu vou passar esse período na praia!! Eu vou pular ondinhas!!! Nem todas as ondas do mundo comportariam todos os meus desejos não apenas para 2009, mas para o resto da vida! Mas, enfim, se alguns forem acolhidos nas “franja” do mar do Guarujá e virarem realidade, eu não vou reclamar!
Bianilda escreveu no blog dela sobre as coisas que ela não quer. São “nãoquereres” (sim, sem hífen de acordo com as novas normas gramaticais) universais. Também não quero nada do que ela disse. É mais fácil escrever sobre o que a gente não quer mesmo. O querer é mais volátil. O meu é.
Ah, não sou de falar dos meus quereres. É difícil! Sou meio violenta com isso. Se eu quero, vou e tomo. Se não consigo, amargo uma frustração, fico sem falar no assunto por um bom tempo, engulo seco e finjo que não queria. Igual à fábula do lobo e das uvas (se vc não conhece, resumindo, ele queria as uvas, mas estavam no alto da parreira. Pulou, pulou, não conseguiu e desdenhou “não queria mesmo, estavam verdes...”).
Pulei demais, me frustrei, engoli seco e desdenhei demais em 2008. Queria pular menos, engolir menos seco e desdenhar bem menos no próximo ano. Frustrar-me menos também seria bem interessante! A sensação de alcançar as “uvas” é sempre tão boa! Quero alcançar muitas “uvas”! Quero “vinho” demais! Quero “suco de uva” e todas as variações de “uva”! Para mim e para as pessoas que eu quero bem! Ah pras que eu não quero bem também. Afinal de contas, todos têm desejos e expectativas!
Feliz 2009!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Era de Aquário!!

Só tem essa explicação! Que medo!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Recordações

Numa fase versos, esses me recordam e me projetam...

I'm the one who wants to be with you
Deep inside I hope you feel it too
Waited on a line of greens and blues
Just to be the next to be with you
(Mr. Big - To be with you)

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Cântico espiritual

Entrou, enfim, a esposa,
No horto ameno, por ela desejado,
E a seu sabor repousa o colo reclinado
Sobre os braços dulcíssimos do Amado

(Kelly Patrícia)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Muita paz!

Acabo de fazer uma entrevista com a monja Coen. Para quem não conhece é uma monja budista que tem um certo destaque no cenário nacional (se tiver interesse, entre aqui). Ela disse o que qualquer líder espiritual maduro diria. E isso é a coisa mais linda do mundo. Uma vez que conselhos de pessoas que realmente estão além de verdades que teimamos em estabelecer cabem em qualquer crença. Cabem, ainda mais, em qualquer coração. Ouvir pessoas de crenças diferentes da minha que têm a serenidade da Coen me faz amar ainda mais meu Modelo. Estou tão longe Dele. Quanto mais O conheço, mais me vejo longe, distante dos sonhos que Ele teve quando pisou na terra pra ensinar o ser humano a ser humano. Mas também se torna mais possível. Independente de verdades. O importante, como diria meu velho e sempre novo Amigo, é amar. Primeiro a Deus (no caso do meu conjunto de crenças), depois o outro. Ele me deixa sem ação quando apenas insiste para que o homem permaneça no amor. Parece tão simples. Não é. Mas é possível e sei que somos sonhados para isso. Acho que volto a escrever antes do fim do ano. Mas se isso não acontecer, ficam as palavras da monja, num desejo fortíssimo de felicidade pra todos e pra mim, nesse trecho da entrevista:
“eu - Uma frase de Mahatma Gandhi que eu gosto muito é 'seja esperança para o mundo'. Como isso é possível?
Coen - Tendo objetivos maiores do que você mesma. Percebendo que nós estamos em uma obra muito maior do que nós. E que há esperança, sim, e que as coisas estão melhorando, sim. Nós temos uma longevidade muito maior agora, pesquisas científicas maravilhosas, temos um retorno à natureza. O mundo está ficando melhor e nós humanos estamos melhorando, sim. E tenha esperança porque cada vez isso vai ficar melhor. A Terra Pura (leia o Reino de Deus, o Plano Superior, o Céu ...) é aqui, não é depois da morte.”

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Glória da Manhã

Mais um ano de vida. Aliás, menos um ano... Depois divago. Mas logo cedinho me deparei com esse texto do Rubem Alves. Achei muitíssimo pertinente. Vale a pena!


Plantei na frente da minha casa, uma trepadeira. Nome bonito: “Glória da Manhã”. Pensei que o ipê, que neste período do ano está triste e sem cores, se alegraria se o seu tronco cinza se cobrisse de flores azuis. E assim foi. As sementes germinaram rápidas, os ramos cresceram esguios e sinuosos, e a rua se encheu logo de uma cor nova...
Acho esta flor muito especial.
Primeiro, pela beleza. Simetria pentagonal, quase circular. Uma única pétala, em forma de cálice. E o azul claro, quase transparente. Ela se abre logo que o sol aparece. Daí o seu nome, “Glária da Manhã”.
Isso tudo é alegria. Walt Whitmann dizia que uma “Glória da Manhã” na sua janela lhe trazia mais prazer que todos os livros de filosofia. Com o que eu concordo. Porque aquela flor fala alguma coisa. Nós sempre conversamos...
Mas há uma tristeza: é efêmera. Lá pelas doze horas, quando o calor é mais intenso, começam a aparecer no azul sinistras estrias roxas, sinal de que o fim está chegando. Sua vida não dura mais que sete horas. Logo a pétala se enruga, murcha, enrola-se, torna-se toda roxa. Morreu. Nunca mais. Se o Vinícius a tivesse visto talvez tivesse mudado o seu poema: “Não é eterna, posto que é flor, mas é infinita enquanto dura...” Comove-me a sua tranqüila beleza pela manhã – sem saber que em breve estará morta. Ou saberá? Talvez seja por isto mesmo ], por saber, que ela se abre com beleza tão intensa... Sabe que não há tempo a perder, que é inútil lamentar, que só lhe resta ser bela. Fico pensando se o mesmo não aconteceria conosco. Talvez, se percebêssemos que somos efêmeros como a “Glória da Manhã”, seríamos tão belos quanto ela. Mas a manhã seguinte nos reserva uma surpresa. Porque a trepadeira que viu morrer, na véspera, as dezenas de flores que a cobriam, já se havia preparado. E outras tantas se abrem de novo, ao nascer do sol, repetindo a mesma beleza, a mesma tristeza, como se fosse um tema que se renova sem cessar: vida e morte, vida e morte...
Gostaria de poder ser como ela: viver intensamente o momento que me é dado, fiel apenas à beleza que mora em mim.
Disse que plantei. Ela nasceu, cresceu, floriu. Acho que alegrou muitos que por ali passaram. Mas alguém se ofendeu com beleza tanta. E a arrancou. Tentei replantá-la, mas foi inútil. A vida, por vezes, é assim. Dado o golpe letal, ela não se recupera. Pensei nessa absurda assimetria entre a vida e a morte. A vida, para ser, leva tempo, demanda paciência, exige cuidados, há que se esperar. Mas a morte vem súbita e definitiva. Uma árvore leva anos a crescer. O machado a abate em poucos minutos. Espantou-me uma coisa inesperada: que ela continuou a florescer mesmo depois de cortada, por dois dias. Imaginei que o seu desejo de viver era de tal forma intenso que ela ajuntou a pouca seiva que restara n os seus ramos e floriu de novo, a mesma beleza, sem nenhuma mágoa, sem nenhum espinho. Lembrei-me do poema da Cecília Meireles:
“Sede assim – qualquer coisa serena, isenta, fiel. Flor que se cumpre sem pergunta”. A morte me entristeceu. Não a morte que acontece, depois de sete horas de vida, quando a flor já cumpriu o seu destino. Mas a morte que mora na alma dos homens. De que coisas não é capaz uma pessoa que destrói uma flor...
Mas não importa.
Guardei as sementes.
E já semeei de novo.
Em breve haverá uma outra “Glória da Manhã”, em volta
do mesmo ipê.
É Domingo de Páscoa.
Triunfo da vida sobre a morte.
Um bom dia para semear uma flor...