quarta-feira, 30 de julho de 2008

Enredados

É meia-noite e meu celular toca. Acabei de ver um especial com Ivan Lins. Depois de Bilhete, ele cantou No novo tempo... A voz do outro lado da linha: boa noite, eu gostaria de falar com a jornalista Ariana Virgínia? Eu nem precisava reconhecer a voz para saber que não era a jornalista que procuravam. Jornalista Ariana Virgínia não existe. Faço questão de ser jornalista Ariana Pereira. A voz era tão familiar. Ao fundo mais um monte de timbres conhecidos. Meus amigos. Eles acabaram de sair de um show e se lembraram de mim. Só amigo de verdade liga à meia-noite. Geralmente, para chorar as mágoas. Eles ligam porque se lembram não só de mim, mas de tudo o que já vivemos juntos. Os dedos das minhas duas mãos não dão conta dos meus amigos. E falo de amigos não de colegas. O mérito não é meu, eu não sou legal, não sou disponível, sou egoísta (eles mesmos me dizem isso descaradamente)... Mas a vida colocou muitas pessoas realmente lindas no meu caminho. E o único trabalho que tenho é amá-las! Coisa fácil, eles são todos amáveis demais! Vocês tornam a existência algo prazeroso e válido. Essas ligações à meia-noite mexem com a gente de verdade...

sexta-feira, 25 de julho de 2008

É muita cara de pau

Não gosto de comentar aqui questões de doutrina católica. Não tenho apenas amigos católicos e também não acho que um blog como ao que me propus escrever seja o local de discutir questões da doutrina que sigo. Já existem páginas para isso. Mas hoje fiquei revoltada com uma notícia que li e quero mesmo expor minha revolta.
Um grupo de católicos dissidentes na Itália publicou uma carta dirigida diretamente ao Papa pedindo que ele reconsidere a questão do uso de anticoncepcionais. Não estou aqui para defender ou não métodos contraceptivos. Não me cabe essa função nesse momento. Estou aqui para dizer o quando algumas atitudes hipócritas me deixam realmente brava!
Na carta publicada pelo jornal italiano, entre outras coisas, o grupo diz o seguinte: "a posição da Igreja tem tido um impacto catastrófico sobre os pobres e impotentes mundo afora, ameaçando as vidas das mulheres e deixando milhões expostos ao vírus do HIV". Além disso, ainda segundo a publicação, maioria dos católicos recorre sem culpa a métodos anticoncepcionais, o que seria uma prova do "absoluto fracasso" da proibição.
Agora entra meu sentimento de "putz, não me conformo"! Meu, se a Igreja autoriza o uso de anticoncepcionais vai fazer diferença? Se os católicos os utilizam sem culpa, qual a diferença de um sim ou não da Igreja? Quantos católicos adotam métodos anticoncepcionais? Meu, quanta hipocrisia...
Como se, por decisão do Papa, as pessoas deixassem de contrair Aids ou as adolescentes deixassem de ficar grávidas. Tudo bem que, de acordo com a doutrina católica, o Papa tem a infabilidade, mas ainda não faz milagres!
Na matéria que eu li, o jornalista escreve que a Igreja "só autoriza métodos naturais de contracepção, como a ‘tabelinha’ (abstinência sexual durante o período fértil da mulher)". Outra coisa que me irrita (e eu sou jornalista) é profissional que escreve borracha. Quando eu tenho de fazer uma matéria, pesquiso, me empenho, seja lá o assunto que for. Uma abobrinha ou outra sempre sai, mas me esforço para fugir do senso comum. Tabelinha! Custa pesquisar? Colega de trabalho, fiz isso por vc. Logo na primeira página de pesquisas aparecem, pelo menos, outros três métodos contraceptivos naturais. Entre eles o billings, que tem, cientificamente comprovada, 97% de eficácia.
Enfim, perdoem-me meu momento "Cruzada". Mas é muita hipocrisia exigir uma postura da Igreja mascarando intenções. O Papa proíbe as pessoas de matar, que haja acúmulo de riqueza e pede que todos amem os semelhantes. Isso nos faz viver num mundo isento de homicídios, em que por ano não morram de fome 5 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade ou onde o senhor Bush deixe de declarar uma guerra insana em nome do poder? Tenha santa paciência...

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Ser esquisita

A vida em mim é alguma coisa descontrolada. Ou é simplesmente um forte transtorno bipolar. Posso passar do dia mais triste da semana ao mais promissor de uma existência! Amo essa enchente de possibilidades. Sofro pq quase sempre me deixo levar, sem pensar, por elas. Minha imaginação me engana a ponto de achar que é real o que concebi sozinha por horas a fio deitada na minha cama. E quando, aos poucos, o cotidiano me mostra que tudo não passou da minha fértil ilusão, sou capaz de morrer de depressão por me sentir traída pela vida. Que novamente me mostra outras inesperadas possibilidades e me faz sentir profundamente grata. Sou um ciclone de emoções errante. Sou realmente esquisita!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Do hard ao light!

Estou na expectativa de mais uma mudança. Minha vida sem mudanças não tem muita graça. Elas são companheiras constantes. Quando penso que estou bem longe delas me dá aquela saudadinha no fundo do peito de algum desafio, alguma coisa diferente, algo com o que eu tenha de me adaptar. No início da próxima semana começo o que quero encarar como mais uma face da minha profissão. Passo do caderno de Cidades ao caderno Vida e Arte.
Explico. O caderno de Cidades traz o que chamamos de carinhosamente de "hard news". É a correria atrás do factual. No caderno de Cidades somos reféns constantes do que acontece hoje, agora, nesse minuto. "Alô, aqui é a Ariana do Diário da Região. Estou ligando porque soubemos que o senhor foi preso ontem à noite por dirigir embriagado. O senhor poderia me dar uma palavrinha sobre isso?". "Tu... tu... tu..." (barulho de telefone desligado na cara). Enquanto em pé ao meu lado, a chefe espera que eu tenha conseguido falar, marcar foto, conseguido a ficha completa do cara e o que aconteceu com riqueza de detalhes.
Vida e arte é o que reúne, no nosso jornal, as notícias de variedades, comportamento, cultura. Pautas pré-programadas, pessoas que querem falar, textos mais bem elaborados. Sem muito como descrever porque ainda não trabalhei nessa editoria.
Desde que me formei, foi no hard news que fiz escola. Mas estou cansada, realmente cansada dessa realidade. Amo apaixonadamente, sem dúvida alguma. Gosto de me deparar com pessoas que confiam em nós para sermos os olhos, os ouvidos, os justiceiros. Mas, infelizmente, os tempos não são bons...
Enfim, feliz com a vida que me desinstala mais uma vez. Feliz mesmo! Um pouco de paz, ainda que apenas em uma das minhas realidades, é sempre bem-vindo.