sexta-feira, 27 de maio de 2011

ou isto ou aquilo

A gente devia saber que escolher entre um bombom e outro na caixa intacta, quando ainda criança, previa um futuro nebuloso. Começa assim: em 81 eu não tinha de escolher nada, só tinha a função de comer e dormir, pelos próximos anos, eu apenas tinha de aprender, sem escolhas, não precisava, se eu fizesse qualquer birrinha ou chorava até cansar e me distrair com outras coisas, ou meus pais, cansados de tanto chororô, se rendiam ao meu charme em água e sal pelo rosto. Em 87, eu tinha de escolher entre um chokito que o meu avô trazia todas as vezes e um prestígio, entre vagem e salgadinho, entre brincar de boneca e pique-esconde. Em 88, as coisas já começaram a complicar pq ganhei concorrência. Mas grandes mudanças, como as de cidade, de casa, por mais que transformassem completamente a minha realidade, não cabiam a mim. As coisas começaram a complicar quando, do nada, exigiram que eu escolhesse o que queria ser quando crescesse. Daí pra frente, ferrou tudo! Eu que decido o que quero comer, vestir, se vou dormir cedo, tarde, até as mudanças que transformam completamente a minha realidade cabem a mim! Por favor, quero meu pai e minha mãe decidindo por mim de novo! Que minha decisão mais complicada seja em entre o sonho de valsa e o lancy. E que eu acabe ficando sempre com os dois! Amém!