terça-feira, 8 de abril de 2008

mais um pouquinho

"Ontem à noite celebramos missa e a carta dos exilados Chico e Rosa ns serviu de leitura. O deserto e o exílio. Um tema até certo ponto novo - pelo menos assim integrado - para minha meditação e para minha vida. Um tema para os espíritos que ainda querem swer livres no mundo de hoje."

"Tivemos no penúltimo dia uma celebração - missa e dança - à noite, no pátio, que nos marcou a todos. Dificilmente esquecerei aquela comunhão que recebi da mão de um bororo ritualmente vestido e pintado. Como bispos, como autoridade sagrada, Tomás e eu fomos honrados com um brilhante diadema de penas de arara e de gavião real - pákiro - e marcados no rosto com o vermelho urucum: 'in sanguine', me dizia Tomás, enquanto a índia nos ungia com as mãos vermelhas e cheirosas.
O velho 'Coqueiro' - oráculo da tribo, praticamente um ressuscitado porque conseguiu escapar da morte por tuberculose gravíssima - contou-me o que nunca a ninguém tinha contado. Dizia ele: 'a tradição genesíaca de seu povo foi um encontro com um homem de fé. Eu sabia tudo isso' - advertia - 'Deus, a criação do homem, a vida futura. Quando os padres falaram, acreditei.'
Linda a noção de providência e de previdência de Deus. Deus cria o homem - depois de criar a casa do homem - e do nada, de dentro da casa, o chama à vida, ao mundo, na hora exata do nascer do sol... Fora, diante da casa do homem, permanecia um círculo luminoso de arco-íris como vestígio de Deus. O universo e os caminhos do homem aí estavam e ele era um chamado."

"Deus é bom, mais do que pensamos ou acreditamos, mais do que dizem nossas interpretações da Bíblia e da Moral. Deus ama o homem com um desvelo surpreendente; há uma paixão pelo homem em Deus; uma paixão que se fez paixão em Cristo. É preciso reabrir sempre o horizonte da confiança e reafirmar, cada dia, a fé nesse amor esplêndido de Deus. Acostumamo-no facilmente a medir o coração de Deus peas estreitezas do nosso coração humano."

"Sinto que na Igreja, na HUmanidade salva por Cristo, não há distâncias nem hiatos. Todos estamos, somos e fazemos em todo lugar, em todos os lugares de uma só vez. A comunhão dos santos é verdade."

"O Evangelho é um fermento escondido, uma pertinaz semente enterrada."

"O Evangelho de Jesus deve ser para nós, como era para o padre Francisco, a luz que nos trace o caminho, a força que nos comprometa até a prisão e até a morte em favor dos irmãos oprimidos e pobres."

Nenhum comentário: