sexta-feira, 4 de abril de 2008

Uma vida cigana

Diante da certeza de que tudo passa, fiquei surpresa, ontem, ao me deparar com algumas que não seguem essa lógica. Pequenas coisas, minúsculos detalhes, que vão marcar pra sempre as histórias. E não estou falando de histórias individuais. Detalhes compartilhados, que dizem coisas, pequenas e profundas, de tempos em que duas, três ou mais histórias se encontraram.
Vivi isso ontem. Estava com amigos em um bar. Era aniversário de uma pessoa que fez toda a diferença em um período da minha vida. Partilhamos intensamente um tempo das nossas histórias. Claro, quando isso acontece, se partilha músicas, acontecimentos engraçados, lágrimas, conflitos. Tudo bem marcado, com a profundidade com que o amor foi partilhado. Quanto mais o amor for partilhado intensamente, mais compartilham-se pequenos detalhes. E se sabe que isso é comum aos que fizeram parte da história. De repente, um objeto, um cheiro e horas, meses, anos presentificam-se.
Ontem, foi uma música. Letra e melodia que contaram um momento da minha vida e desse amigo. Ele pediu que a banda tocasse a música que nos tocou tão forte naquele tempo. Todo mundo cantou. A mesa inteira cantou normalmente, como se fosse apenas mais uma música. Não achei que ela tivesse importância na vida desse meu amigo. Tinha para mim. Sempre teve. Muitas vezes a ouvi com lágrimas nos olhos de saudade de um tempo que foi bom.
Cantei. Cantamos. Entendi o valor que ela tinha em uma fração de segundos. No momento em que os meus olhos encontraram os olhos do meu amigo. Não trocamos palavra. Não precisava. Naquele olhar, estava contida uma história inteira. Tudo foi dito em menos de um segundo e numa letra de música. Existem coisas que nunca vão passar...

Um comentário:

Alexandre Gil disse...

Qdo chegar no céu, vou perguntar pra Jesus pq nao conseguimos manter estes momentos contínuos?

bjo pra tu