terça-feira, 29 de abril de 2008

Amigo é a melhor coisa do mundo

Esse texto é de um amigo muitíssimo querido. Padre Cristiano Guilherme. Pra mim, sempre o Cris... Aos amigos que amo, que convivem comigo, que não vejo há tempos, que gostaria que estivessem aqui para a gente jogar conversa fora. Pra me puxar a orelha, pra me transcender. Pra nos libertarmos juntos

Das coisas que Deus criou, ando pensando que a mais genial foi a amizade. Não estou falando de melação de relações viciadas e dependentes. Falo daquela amizade que cheira criança de 4 anos... Que brinca com o amigo sem pensar na hora, em planos ou interesses. Falo daqueles planos secretos de descobrir o mundo em expedições do outro lado do quarteirão, que fazemos com nossos grandes amigos aos 10. Falo da cumplicidade no período dos primeiros namoricos da adolescência. Falo daquele amigo que conheci nas férias de verão; grande companheiro que o mar levou. Falo das promessas de eternidade da juventude, quando achávamos que poderíamos tudo. Falo em correr pelados na chuva no meio da rua de madrugada (nadar pelados num córrego). Falo daquele amigo que passa toda a noite conosco quando perdemos aqueles que mais amamos. Aquele que nos acompanha até a porta da igreja na hora do casamento e só não entra conosco porque realmente não dá (mas na verdade entram conosco).
Falo daqueles que se perdem no tempo e na história. Falo daqueles que vão mais cedo embora... e estranhamente esses eram diferentes, melhores, vão para a liberdade definitiva. Falo daqueles que perdem seu tempo precioso ouvindo muitas vezes a mesma coisa, a mesma crise, as mesmas dores, as mesmas dúvidas durante décadas. Falo daqueles que achamos que perdemos, que achamos que nos esqueceram, mas que nos reencontram novamente no tempo... desgastados, enrugados, mais feios por fora, mas brilhantes e sem nenhum risco por dentro.
Acho que a Igreja deveria erigir um oitavo sacramento: o da amizade. Ela não faria nada, mas diria da sua existência... com reverência que se deve ter diante dos mistérios.
Com freqüência meus amigos me salvam. Me salvam das minhas dores, tristezas, angústias. Me salvam da solidão. Me salvam da minha auto-suficiência. Me salvam quando me estendem a mão pedindo socorro (e eles acham que eu os salvo!!!). Me salvam quando minhas mãos estão estendidas ao nada e é segurada por eles. Eles são como uma madeira boiando, única salvação para o náufrago cansado.
Meus amigos são sacramentos porque fazem Deus presente na minha vida, salvando-me quando não tenho mais fé e já não mais o enxergo.
A amizade deve ter sido feita no oitavo dia da criação, depois do descanso, depois que a criação dormira. Foi preciso este tempo psicológico para que algo tão grande fosse gerado. Foi a grande obra gerada pelo artífice que Deus criou.
O oitavo dia é o nosso dia. Somos já a coisa dormida, pensada, refletida. Com a matéria prima do amor, a criação de Deus se confunde com a nossa. Criamos, nós e Deus, aquilo que Ele quis entre nós, fruto da liberdade, da partilha, da comunhão. Amizade, sacramento que criamos neste curto e longo oitavo dia de amor. Esta vida é o tempo do amar. É preciso continar a criar, a construir amizades, a fazer Deus presente entre nós.

2 comentários:

Bia R. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bia R. disse...

Já te disse isso antes. E nunca cansarei de repetir: vc é uma amiga maravilhosa e que sempre que preciso estende a mão para me salvar. Alguém que eu aprendi a admirar e a amar, sabendo que apesar das diferenças que temos estamos unidas pelo laço da amizade.
Beijão