segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Círculo ferrífero

O ferro com gosto de sangue
Um pouco do que está agora
Que deixa de pulsar
Que para de correr
Que deixa esse gosto azedo
Mas não deixa de ser vida

É a ferida aberta e não vista
Dia após dia, como água em pedra
Bate em mim esse líquido
Essa viscosidade toda
Essa umidescência oculta
Amolece, cansa, impulsa

O gosto de ferro insiste
Como esfera explode inerte
Língua, dentes e mãos
Não há nada que possa ser feito
Nada que se evite
Acontece imprevisível

Corre nas veias o ferro
Corre no ferro essa vida
Fria, dura, escura
Se aquece no fogo da alma
Escorre vermelho disforme
Não deixa de ser ferro

Não deixa de ser vida

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