sexta-feira, 10 de julho de 2009

Tênis nos pés errados

Quando uma história chega ao fim e se tem de recolher os cacos, é difícil avaliar o real estrago que ficou. Seca-se o chão, limpa-se a desordem provocada pela tempestade, guarda-se os cacos maiores e vai-se colando, aos poucos, o que em minutos foi despedaçado. Repara-se pouco nos pequenos detalhes, quando o estrago é maior do que a gente mesmo. Lamenta-se o desastre.
Hoje reparei em pequenas coisas. E estou lamentando profundamente por isso: gastei a música certa com o amor errado. Que pena! Hoje, esse é o meu maior lamento. Não lamento o chão que faltou, isso me fez aprender a voar. Não lamento os castelos que desmoronaram, isso me ensinou a refazer. Não lamento as feridas, elas me deixaram mais sensível e madura. Mas a música... Ah, era a música certa.
Eu poderia ter investido tudo (como fiz e isso é perdoável!). Eu poderia ter investido todos os meus sonhos, eles são recicláveis. Minhas emoções, elas são autocuráveis. Meu amor, ele se multiplica. Mas a música... Ah, a música já estava pronta, não tem como mudar.
Se eu tivesse de chorar hj pelo que passou, choraria pela música. Era minha, eu não tinha nada de dá-la a ninguém. Podia ter entregue a possibilidade de ser feliz, podia ter entregue meus amigos (eles serão sempre meus!), meus pais, até o meu cachorro. Mas a música nunca mais vai ser só minha. E isso é lamentável. Pq só eu sei dar a ela o valor que acredito real.
Não entrego mais minhas músicas. Tudo o mais é recuperável, reciclável e pode ser refeito com muito mais grandeza. Mas música... Ah, música não tem jeito. Hoje, lamento pela música e não há melodia que me console...

Um comentário:

Thaís disse...

Não se lamente pela música. Na realidade, ela continua sua. É só uma questão de tempo para a poeira baixar. Quando a gente encontra o grande amor, a pessoa certa e definitiva, todas as músicas do passado voltam. E acabamos descobrindo que todas elas casam perfeitamente com esse alguém. Tudo é questão de tempo, tudo se ajeita...