domingo, 7 de junho de 2009

Da encarnação do amor

Já sonhei com amores impossíveis. Também com os arrebatadores ou com os encantados. Já pensei em fazer o amor me seguir. Assim como já o persegui até aparentemente vencê-lo pelo cansaço. Ele também já quis me vencer pelo cansaço. Perdemos os dois. Eu o quis desfilando pelas naves centrais. Eu o quis dando frutos incontáveis. Não o quis. Evitei. Persegui. Perdi e me perdi.
Topei com ele em duas versões nesse fim de semana. Numa delas ele cantou, fez bonito, deixou claro a que veio. Mostrou e mostrou-se. Que amava e era amado. Arrebatou, emocionou, dançou.
Na outra, ele pareceu tímido. Estava em um canto. Longe do centro das atenções. Pulava e sorria descompromissado. Com uma certeza inconsequente de que cuidavam dele. Desdenhou do motivo pelo qual as pessoas estavam ali. Fez-se ele mesmo o centro para quem a ele realmente importava. Sem se preocupar se outros o olhavam. Importava apenas um olhar e ele o teve.
Depois, na pista, enquanto o primeiro amor atraía para si todos os olhares admirados e os tornava felizes, o segundo puxava pelas mãos a devoção de quem mudou a vida para acomodá-lo, para torná-lo viável. Ele não tinha um milímetro de culpa ou compromisso com isso. Mas rodopiava nos braços de quem o amava. E sorria, ele mesmo, feliz.
Esse segundo amor derrubou o que eu ainda tinha de conceito enlatado. Ele nem sabe disso. Nunca vai saber. Mas foi tão amor que mudou quem inadvertidamente se deixou ser tocado por ele. Eu fui.

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