domingo, 30 de maio de 2010

Nunca para

As dúvidas que tenho são de uma adolescente de 17 anos. A certeza de que tudo está perdido pertence a alguém que viveu mal por mais de 70 décadas. Não tenho mais certezas etárias. Pela manhã, tenho o sono de um recém-nascido que se cansou de vir ao mundo. Se me envolvo no trabalho, a concentração de uma jovem adulta que se encontrou. No fim da tarde, o gosto na boca de quem comeu às pressas a canja dos convalescentes (e a doença é atemporal). As dúvidas do anoitecer são as que me dão a adolescência de volta. Infelizmente, o vigor dessas quase duas décadas não acompanha o corpo. As hipóteses, o que não fui e poderia ter sido, o que sou e poderia não ter sido, são como pequenos seres microscópicos que corroem o que como Penélope teci ao longo dos minutos cronometrados avalizados por um sistema numérico universal. Os ombros estão cansados de bancar escolhas, escolas, escórias. Enquanto isso, Lenine pede paciência, contraditoriamente, dizendo que a vida não para. Quem espera, enquanto o ônibus passa, o metrô se perde, o táxi não estaciona, os minutos não estancam? Alguém, por favor, pare e me dê uma carona!

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