terça-feira, 11 de maio de 2010

Bobagens vividas, vívidas, escritas

Eu precisava ler mais. Bem mais. Acho que assim também seria capaz de escrever mais. A leitura atual é uma biografia da Clarice Lispector, escrita por Benjamin Moser. Ela fala de um jeito tão simples sobre escrever que parace a literatura uma forma de respirar da qual todos são capazes.
A gente complica tanto a realidade que falá-la, escrevê-la parece sempre aquém do que acontece. E a Clarice nessa busca constante e desesperada pela "coisa". A coisa como a coisa mesmo é. Expressa deixa de ser, se molda à palavra. Bem contraditório: a palavra que possibilita expressão é a mesma que enfraquece e fere de morte a experiência.
Como eu, a expressão é duas. Eu dentro, eu falada e escrita. Sou eu mesma? Essa resposta realmente existe?
Ah, tudo isso pra dizer que estou viva! Lendo a vida da Clarice, escrevendo a minha vida (mesmo que seja em um texto sobre saúde, comportamento ou espiritualidade), lidando com as minhas pressas que não se saciam e desfrutando uma paciência da qual não me lembro ser dona. Com uma saudade cortante de gentes, tempos e de mim mesma. Sim, estou no meio da contradição! Estou quase chamando, na imitação do vozeirão de Dorival Caymmi, o vento. Quero ver resistir!

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