sexta-feira, 8 de maio de 2009

Primavera

Minha vida minha de novo. Aliás, mais minha do que jamais foi. O tempo é esse remédio que nos devolve pra nós mesmos, mais inteiros, mais íntegros, menos medrosos e mais prudentes. Não é porque tem medo até de água fria que o gato escaldado vai deixar de pular muro e virar lata noite afora. Pelo contrário, faz com mais maestria, com mais propriedade. Não é fácil se secar e fechar as feridas, é bem verdade. Mas isso não paralisa. Impulsiona. É bom perceber a vida desse jeito: mais eu.
Eu tinha a impressão de que chegaria aqui. Não sei como, mas esperava isso! Mesmo quando a escuridão era tão forte e eu pensava ter desistido. Mesmo quando me invadia uma alegria sem motivo que desaparecia de uma hora para outra. Mesmo quando o restante do que parecia ser fundamento no qual eu me agarrava se desfazia entre os meus dedos.
O que eu sabia ruiu, morreu... Que bom!

Manhã Azul
(Mariana Aydar)

Manhã, manhã de azul
Manhã de céu,
Manhã de só,
Manhã de quem sou eu
Manhã de pó,
Manhã de fome,
Manhã meu nome
Manhã de solidão
Eu abri meu salão
Pr'essas folhas secas do chão
E deixei todo vento entrar
Saía do meu pulmão
Quem foi que botou a chuva dentro dos meus olhos?
Qual foi a luz da luz do sol que secou e me fez ver?
Quem foi que soprou, que soprou é o nome do amor?
Faz a terra tremer
Olha lá a cidade vai caindo sem pé
É o que eu sabia ruiu
Iluminado pela luz de alegria azul
Ninguém viu, só eu
E o que eu sabia morreu

Um comentário:

Bia R. disse...

Estou aqui me perguntando: o que será que aconteceu? Dona Ariana, sempre forte, sempre presente e sempre me apoiando. Saudades. bj